A munição apreendida, avaliada pela Polícia Civil em cerca de 53 mil dólares é composta por 8.795 unidades de cartuchos da marca CBC de calibres .50 - utilizados para fuzis AR-15, AK-47 e metralhadoras antiaéreas - e 7.62 e 9 mm - para pistolas -, além de 5.000 detonadores para explosivos. A Polícia Civil de Manaus encontrou o material durante uma operação de combate ao tráfico de droga, chegando ao depósito localizado na zona portuária da cidade, por meio de uma denúncia anônima.

A hipótese inicial, de que o armamento teria como destino os grupos paramilitares colombianos está praticamente descartada, de acordo com a reportagem publicada no jornal Folha de São Paulo. O principal indício de que a munição seria levada para a Venezuela foi a descoberta de um plano para transportar as munições àquele país num pequeno avião, que faria uma parada de reabastecimento em Roraima. Como se trata de uma aeronave pequena, seriam necessárias algumas viagens para levar todo o material bélico.

Por outro lado, a hipótese do envio para a Colômbia perdeu força pelos seguintes motivos: a encomenda de 500 uniformes, encontrada junto com a munição. As Farc não têm necessidade desse material e dificilmente fariam esse pedido no Brasil; as 5.000 espoletas (detonadores) elétricas não fazem parte do tipo de material usado pela guerrilha colombiana em seus ataques terroristas, que utilizam detonadores por controle remoto; descartadas as Farc, a munição de grosso calibre encontrada não é do tipo usado pelos paramilitares de direita colombianos, que se movem bastante e, por isso, não utilizam as pesadas metralhadoras antiaéreas; logística -o transporte desse material de Manaus até a Colômbia é muito difícil e arriscado.

Outro indício que levou a PF a acreditar na ligação venezuelana foi um pedido de regularização de residência na Venezuela pelo piloto brasileiro Francisco Ferraz de Souza, 49, no dia 26 de junho, Dias mais tarde, ele foi preso com as munições em Manaus ao lado do colombiano Edward Andrey Camacho, 22.A polícia também já descobriu que Camacho entrou no Brasil clandestinamente pela cidade de Cucuí (AM), na fronteira do Brasil com a Venezuela.

As suspeitas da Polícia Federal brasileira é que o armamento abasteceria grupos armados na Venezuela, que estariam se preparando para um cenário violento após o referendo de 15 de agosto.
Este fato reforça o clima de tensão que antecipa plebiscito. A polícia política venezuelana (Disip) há alguns dias o plano organizado com o auxílio de paramilitares colombianos para assassinar ao presidente Hugo Chávez.