Reunidos há três dias na capital tailandesa, dezenas de milhares de “camisas vermelhas” (UDD/DAAD), partidários do antigo primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, recolheram 300 litros de sangue aspergindo-o depois, em sinal de protesto, frente á residência actual do primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva.

Thaksin Shinawatra construiu a sua fortuna nas telecomunicações tornando-se o principal operador móvel, de televisão por satélite e de transportes aéreos low-cost do Sudeste asiático. Durante o seu mandato de cinco anos, este homem de negócios quadruplicou a sua fortuna pessoal e deixou de pagar os seus impostos. Reprimiu duramente a minoria muçulmana, matando pelo menos 2000 pessoas. Travou durante três meses uma luta impiedosa ás drogas que causou mais de 2500 mortes e que facilitou a reestruturação dos cartéis. Suspeito de querer instaurar uma república, foi destronado pela armada em 2006 enquanto estava de viagem para Nova York para a Assembleia-geral da ONU.

Foi depois condenado a dois anos de prisão por desvio de fundos públicos. Na semana passada, o Supremo tribunal de justiça confiscou 1.4 mil milhões de dólares sobre os 2.2 mil milhões de dólares da família Shinawatra que estavam congelados.

Depois de ter passado o dia no Camboja (onde tinha sido nomeado conselheiro económico do governo) e ao Reino-Unido (onde comprou o clube de futebol Manchester City), Thaksin Shinawatra instalou-se no Emirados Árabes Unidos. Nessa altura ele assediava os seus partidários por telefone para que eles exigissem a anulação da decisão do tribunal referente á sua demissão do governo e das eleições gerais.

Entretanto, tendo utilizado o Dubai para destabilizar a Tailândia, foi expulso dos Emirados por não ter respeitado o seu estatuto de refugiado político. Ele chegou então a Montenegro onde o primeiro-ministro Milo Đukanović lhe acordou a nacionalidade. Na passagem ele investiu na hotelaria em Podgorica.

Montenegro é, de alguma forma, um protectorado da União Europeia. Mesmo não sendo um membro, aderiu ao Euro. Milo Đukanović é acusado pela Justiça italiana de ser um dos chefes da Camorra e de controlar o tráfico de cigarros na Europa. Beneficiando de imunidade devido ao seu cargo político, ele não pôde ser detido.

Tradução
David Lopes