Os EUA antecipavam há muito uma revolução no Egipto. No entanto, apenas previam que esta acontecesse quando o seu fantoche, Hosni Mubarak, falecesse. Estavam, por isso, prontos a intervir.

Logo na primeira semana da manifestação no Cairo, Washington enviou equipas do Albert Einstein Institution. Um manual, já utilizado noutros países, foi adaptado e traduzido em árabe. Foi distribuído com o objectivo de orientar os manifestantes. O manual incentiva o uso dos serviços facebook e twitter, que por sua vez foram postos em funcionamento pelo departamento de Estado e pela CIA.

Este manual dá instruções precisas sobre o percurso dos desfiles. Contém esquemas e vistas aéreas, embora os egípcios tenham uma representação espacial diferente e raramente utilizam mapas. As fotos aéreas são creditadas para respeitar os direitos de copyright, embora estes sejam ignorados no Egipto.

O manual dá conselhos de vestuário para protecção contra gás lacrimogéneo. Reproduz, para isso, uma ilustração ocidental e não leva em conta a indumentária local.

Numa das ilustrações, o personagem á direita foi redesenhado para se parecer com uma mulher usando o véu islâmico. O personagem central é polícia e não um militar. O letreiro diz: «A polícia e o povo contra a injustiça. Viva o Egipto». Trata-se de fazer passar uma imagem de união popular e fraternidade com a polícia, embora a fraternidade se tenha feito com o exército. A reciclagem desta figura ilustra, sem querer, a rapidez e a falta de preparação com a qual o manual foi adaptado para o Egipto.

O manual formula o que os EUA desejavam impor como objectivos ao movimento: a queda de Mubarak e boa governança civil. Visa a exclusão de qualquer slogan contra o imperialismo e o sionismo ou pela libertação da Palestina.

Esta manipulação acabou por fracassar totalmente.

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Manual do Albert Einstein Institution para uma revolução colorida no Egipto. 26 Pág. 2,6 Mo.

Tradução
David Lopes