O conflito da Ucrânia, iniciado pelos Estados Unidos e o Ocidente, que é acompanhado por ameaças e intervenções nas vizinhanças da Rússia, provocando um confronto direto com o florescente poder russo, visa impor novas regras de acordo com uma visão defendida pelos estrategistas dos EUA, incluindo Zbigniew Brzezinski, Henry Kissinger e Richard Haas. Essa visão é de um mundo multipolar liderado pelos Estados Unidos, em oposição à visão russa de uma relação de igualdade, como parte de uma parceria internacional liderada pela Rússia e pelos Estados Unidos da América.

A resposta russa na Ucrânia é ofensiva e atende a uma estratégia de poder brando, baseada na supremacia dos fatores geográficos, demográficos e econômicos. O Ocidente ficou chocado com a reação russa na Crimeia, que se prepara para um referendo nos próximos dias para decidir a união com a Federação Russa, enquanto o ativismo está crescendo em outras províncias da Ucrânia, com base em laços étnicos eslavos e filiação religiosa à Igreja Ortodoxa, reforçados por quatro séculos de história.

Confrontado com a opção de sanções exercidas pelo Ocidente, a Rússia reagiu fortemente, sugerindo sua intenção, no caso de aplicação dessas ameaças, de acelerar as etapas para transformar a organização dos BRICS e Xangai em uma poderosa organização internacional, independente e concorrente com a estrutura financeira dos EUA. Moscou vai trabalhar para se tornar um centro financeiro internacional, rival de Nova York, como uma plataforma para transações internacionais, o que ameaçaria a supremacia do dólar como uma moeda segura em tempos conturbados. A Rússia planeja também buscar uma reestruturação das Nações Unidas.

Além disso, qualquer decisão dos EUA de implementar sanções internacionais contra a Rússia irá causar sérias diferenças entre Washington e seus aliados europeus, que já expressaram reservas sobre as exigências dos EUA para reduzir seu comércio com a Rússia. Especialmente desde que os russos garantiram que eles iriam impor suas próprias sanções contra empresas americanas e européias. Um número de artigos na imprensa europeia refletiu os temores britânicos, franceses e alemães de tais medidas russas.

A crise da Ucrânia ultrapassa os limites desse país. Ela reflete claramente os contornos da luta que a Rússia tem travado a fim de retomar sua influência histórica nos países eslavos da Europa Oriental, caidos nas mãos do Ocidente depois da queda do muro de Berlim. Especialistas garantem que, se a Rússia conseguir impor sua visão sobre o futuro político da Ucrânia, significativos desenvolvimentos internos seguirão em outros países, como a Romênia, a Bulgária e a Hungria.

A Ocidente, liderado pelos Estados Unidos, ficou surpreso com a reação dos russos, que decidiram aceitar o desafio, forçando a OTAN a se retirar por medo de confronto direto. Isso significa que os Estados Unidos serão obrigados, em última análise, a aceitar novas regras para uma parceria internacional sem a liderança americana. Além disso, a análise dizendo que a crise ucraniana, perto da Rússia, irá afetar outras questões (a guerra na Síria, o Irã nuclear...) é uma ilusão, porque esses conflitos têm a sua própria dinâmica e não dependem só da vontade da Rússia.

A Síria tem sua própria determinação e sua própria força popular e militar. Sua resistência ajudou a Rússia a construir novos equilíbrios internacionais, bem como o surgimento do Irã como potência regional. A firmeza e a determinação exibidas por Vladimir Putin em ambos os casos são o resultado do equilíbrio de poder, que será reforçado pela crise ucraniana. Muitos especialistas e centros de pesquisa ocidentais têm feito comparações entre a resistência do Presidente Bashar al-Assad, o Estado, o povo e o exército da Síria, enfrentando uma guerra universal que dura três anos, e o voo do Presidente Viktor Yakounovytch depois de algumas horas enfrentando um grupo de sabotadores que invadiu seu palácio e estabeleceu um poder ilegítimo a partir de um golpe de Estado.

O novo mundo vai nascer sobre as ruínas das ilusões americanas e emergir na rocha sólida da resistência da Síria.

Tradução
Marisa Choguill
Fonte
New Orient News ">New Orient News