«Os cavalos enfrentam-se, mas são os burros quem encaixa as patadas» (Provérbio do Ponto).

Em artigos prévios, nós tínhamos discorrido sobre a particularidade geopolítica do espaço grego, que combinada com o facto de a nação grega ser pouco numerosa e sem irmãos, torna extremamente perigosa a identificação completa da nossa pátria com um único actor geopolítico, visto que por este facto ela é obrigrada a enfrentar as conseqüências das ações perigoasas de outros.

No nosso artigo precedente, mencionamos que a doutrina saudável para o Helenismo deveria ser: "A Grécia e Chipre deveriam ter a capacidade de seguir os desenvolvimentos geopolíticos de perto, afim de se poderem antecipar e de prevenir as consequências de qualquer desenvolvimento geopolítico, reservando-se o direito e o poder discricionário de fazer, em cada momento, as escolhas que melhor servissem o país e os interesses estratégicos do Helenismo .

Havíamos também entrevisto os riscos para a Grécia e Chipre da crise ucraniana, a qual certamente evoluiu do modo que todos nós seguimos e continuamos a seguir através dos écrans (telas-Br) de televisão visto que o sistema de governação Ianoukovitch, tal como o precedente de Timochenko, estava podre e corrompido, mas é preciso não esquecer que foram os manobrismos especiais do Ocidente que lhe deram a direção e o resultado específico.

Agora, nós vemos que estes riscos são mais que visíveis. O presidente de Chipre, o Sr. Nicos Anastasiades recebeu já uma chamada telefónica para bloquear o dinheiro de três magnatas ucranianos, depositado em bancos Cipriotas, no preciso momento em que a Inglaterra declarava, abertamente, a sua oposição a represálias contra Rússia afim de não afectar os interesses britânicos !

Notemos, entretanto, que a Inglaterra alberga a maioria dos oligarcas russos que não erriqueceram, seguramente, dentro de padrões da maior transparência, tal como os bancos britânicos acolhem dezenas ou até mesmo centenas de biliões(bilhões-Br) de dólares de fundos russos da mesma categoria, que a Inglaterra vai proteger, graças ao seu peso e ao seu poderío!

Por outro lado, constatamos que, entre as pessoas que se figuram na "lista negra" do governo dos Estados Unidos, em represália da anexação da Crimeia pela Rússia, se encontram os membros do círculo de próximos de Vladimir Putin, entre os quais Vladimir Ivanovitch Yakounine, presidente dos caminhos-de-ferro (vias férreas-Br) russos (ROSCO) que havia mostrado o seu interesse na privatização da TRAINOSE (C. F. Grego-ndT), e do porto de Tessalónica .

Um outro perigo, para além dos dois mencionados acima, é o de parar a vinda dos grandes e pequenos investidores, como também dos turistas da Rússia, e da Ucrânia, para Chipre e Grécia, que teriam podido ser um dos salva-vidas que nós precisamos, para nos levantarmos do "leito de Procrusto" que dissolve a sociedade grega e a nossa pátria.

Nesta fase, o que nós precisaríamos seria de governos eficazes e corajosos tanto em Nicósia como em Atenas, que elevassem o seu estatuto e protegessem os nossos interesses nacionais, como o tem feito não só o governo da Inglaterra mas também a pouco poderosa Bulgária, cujo Ministro de Relações Exteriores declarou: « A Bulgária pedirá compensação à União Européia em caso de dano para o país devido às sanções contra a Rússia ».

Enfim, após ter sublinhado que a Grécia sofreu já enormes - nós diríamos de importância incalculável — danos sequentes ao cancelamento do oleoduto South Stream(Fluxo de Sul), e seguindo a anulação da privatização da DEPA (companhia de Estado do petróleo e do gás), sem qualquer compensação, ou troca, pelos Estados Unidos, valeria a pena analisar os argumentos invocados para impedir a cooperação económica com a Rússia por certos líderes de opinião, retomados pelos belos papagaios ou "idiotas úteis", afim de cobrir por um lado a intervenção americana, extremamente prejudicial para o nosso país, e do outro as responsabilidades de certos funcionários governamentais e ministeriais, que são incapazes de servir os interesses do país, para não dizer outra coisa! Paciência até domingo, pois, quando voltaremos à referência a estes “argumentos” .

Tradução
Alva
Fonte
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