A auditoria realizada em 150 mesas de votação do referendo revogatório ratificou o resultado das urnas e confirmou a legitimidade da consulta popular, da qual o presidente Chávez venceu com 59% dos votos de mais de 10 milhões de eleitores. A auditoria "permite terminar o capítulo das eleições", assegura o reitor do Conselho nacional Eleitoral (CNE), Jorge Rodríguez.
A auditoria foi realizada pelo CNE, com a observação da Organização dos Estados Americanos (OEA) e Centro Carter para sanar as dúvidas da oposição, que não aceita os resultados do referendo por acreditar que o processo foi fraudulento.
"A auditoria está finalizada (...) Os resultados que obtivemos com este controle são totalmente compatíveis com os resultados do conselho eleitoral", afirmou o chefe da OEA (Organização dos Estados Americanos), Cesar Gaviria, um dos observadores do processo.
Foram avaliadas aproximadamente 400 urnas, que representam 1,2 por cento do total de máquinas instaladas em todo o país, na qual os venezuelanos decidiram se o presidente deveria ou não seguir sob o comando do país até o final de seu mandato, em 2007.
Oposição insiste em fraude
Mesmo diante da inspeção que valida o resultado, a opositora Coordenadora Democrática (CD) insiste em não reconhecer a vitória do governo. Para a oposição, houve manipulação no software das máquinas, o que permitiu que houvesse um "teto" para limitar o número de votos pelo "sim", a favor do revogatório do presidente.
"A oposição ratifica diante do povo sua absoluta convicção de que estamos diante de uma fraude continua e eletrônica, que tem burlado a vontade popular", disse Asdrúbal Aguiar, em nome da coalisão opositora. Para Aguiar, a auditoria não resolve o "problema de fundo", sinalizando que o problema está no órgão eleitoral. A oposição pediu mais algumas semanas compilar as provas que justificam as acusações de fraude.
Uma vez mais a oposição retrocedeu em suas declarações sobre os resultados do pleito. Enquanto planteavam a auditoria - que depois de acatada pelo CNE foi rechaçada pela oposição - o deputado Júlio Borges, um dos porta-vozes da CD garantiu, dia 18, que se os votos fossem revisados e se a vitória de Chávez ficasse comprovada, a oposição "aceitaria os resultados". Nas semanas que antecederam o referendo, a CD também disse que aceitaria os resultados do referendo desde que validados pelo Centro Carter e pela OEA.
Hugo Chávez, por sua vez, voltou a chamar a oposição para o diálogo e a reconhecer os resultados. "Vamos sentar e ter um diálogo profundo", disse o presidente venezuelano. "De todos os observadores internacionais que vieram, não há um único que tenha questionado nem um só detalhe do processo do referendo. Mas apesar disso, vemos e ouvimos, de todos os dirigentes da chamada Coordenadora Democrática, que querem contestar os resultados", afirmou o presidente, dia 20, em cadeia nacional.
Além de reivindicarem a anulação do referendo, a oposição ameaça não participar das eleições estaduais e municipais de 26 de setembro, por considerarem que o CNE não tem credibilidade para garantir a lisura das eleições. Os opositores do governo controlam 7 dos 23 Estados venezuelanos e muitas das 337 prefeituras. Os resultados do referendo mostram que a oposição perdeu a maioria dos eleitores em Estados que, até então, o domínio da oposição era quase total. Jesús Torrealba, da CD, admite que a oposição corre o risco de "cometer suicídio ou de ser morta" nas eleições do próximo mês.
Missão oposição
O descontentamento da oposição já não reverbera como antes. Internamente, apenas os líderes dos partidos políticos que fazem parte da CD seguem utilizando os meios de comunicação privados como palanque para alardear a acusação de fraude, sem apresentação de provas. A Fedecamaras e os outros setores empresariais, que apoiaram o golpe de 11 de abril, sinalizam um distanciamento da CD.
Internacionalmente, o apoio dos Estados Unidos à CD também dá sinais de desgaste. Os opositores se dizem "abandonados", como disse Rafael Poleo, em um artigo do diário El País. Os principais meios de comunicação estadunidenses, que antes definiam a oposição como um grupo de democratas e se referiam a Chávez como o presidente autritário, mudaram o tom na última semana. Os editoriais admitem a vitória de Chávez e criticam a oposição, definida agora por anti-democrática, por não reconhecer os resultados.
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