Frei Betto

O 4º. encontro nacional do Movimento Fé e Política ocorrerá em Londrina (PR), no primeiro fim de semana de dezembro, dias 4 e 5. O tema, "Utopias da fé, realidades da política". Entre os palestrantes estarão Leonardo Boff, dom Tomás Balduíno, Patrus Ananias, João Pedro Stédile e Gilberto Carvalho.

O primeiro encontro, em dezembro de 2000, reuniu em Santo André (SP) 3 mil participantes. O segundo, em março de 2002, atraiu a Poços de Caldas (MG) 4,5 mil militantes. O terceiro, ano passado, contou com a presença de 7 mil pessoas em Goiânia.

O Movimento Nacional Fé e Política visa a propiciar aos cristãos engajados na política, como detentores de mandatos ou não, um espaço de reflexão de suas atividades à luz da fé, dos valores evangélicos e dos desafios dessa realidade marcada pela crescente pobreza. Mais informações e inscrições: mov.fepolitica@uol.com.br ou feepolitica@feepolitica.com.br tel: (43) 3356-0033.

Outro evento importante será o Fórum Mundial de Teologia e Libertação, que se reunirá em Porto Alegre (RS) de 21 a 25 de janeiro de 2005, semana anterior ao Fórum Social Mundial. Mais de 200 teólogos dos cinco continentes estarão debatendo a proposta de "outro mundo possível" a partir da experiência da fé e da reflexão teológica. Apesar de vozes em contrário, a Teologia da Libertação permanece viva, pois infelizmente seu pólo de sustentação se dilata: a pobreza que ameaça 2/3 da população mundial.

Temas que apenas os teólogos da libertação abordavam há vinte anos -como caráter da globalização, dívida externa, neocolonialismo etc. -hoje são freqüentes nos pronunciamentos do papa sobre questões sociais.

O evento de Porto Alegre terá como objetivo revelar que, em todo o mundo, comunidades pobres, fortalecidas pela fé, prosseguem lutando por libertação, suscitando novos desafios à teologia e à política. Nessa época em que o Planeta se transformou numa pequena aldeia, graças aos meios de comunicação, já não se esperam parciais libertações geográficas. Agora estamos todos num único sistema, o capitalismo neoliberal, sob a hegemonia de uma única potência, os EUA. Ou nos salvamos todos ou ficamos todos submetidos ao jogo cruel da acumulação privada do capital.

Se a libertação tem que ser mundial, a teologia também precisa estar internacionalmente articulada. Até porque a fé dos povos se expressa em categorias distintas e, muitas vezes, antagônicas em seus significados, o que permite fazer da religião também um meio de opressão.

Não se trata, porém, de pretender uma única visão religiosa globalizada, e sim de intensificar o diálogo inter-religioso, de modo a explicitar o potencial libertador das diferentes matrizes religiosas. Por isso, o Fórum Mundial de Teologia e Libertação será macroecumênico.

O evento terá dois momentos distintos. O primeiro, uma apresentação de como andam os movimentos libertadores e a Teologia da Libertação nas diferentes regiões dos cinco continentes. Isso implica teologias feministas, indígenas, afro-americanas, ecológicas etc. Assim, os participantes deverão apresentar breve balanço dos movimentos de libertação e da reflexão teológica em suas respectivas regiões; os diferentes enfoques teológicos (gênero, etnia, cultura, político-econômico, diálogo inter-religioso etc.); implicações das práticas teológicas (sujeitos, crises, dificuldades etc); informações sobre as comunidades que produzem teologia; e as perspectivas globais apontadas pelas variadas óticas teológicas.

O segundo momento será de adequação do tema geral do FSM, "outro mundo é possível", à esfera teológica, centrada em quatro temas: 1) Outro mundo é possível (análise da conjuntura global); desafios do mundo atual à teologia; o lugar e a possibilidade da utopia hoje; 2) Deus para outro mundo possível (linguagens e imagens sobre Deus; Deus e gênero; Deus, tradições etnoculturais e universalização); 3) Religião para outro mundo possível (crises das religiões, busca de fundamento e fundamentalismo); religião e mercado; religião e poder político; Teologia para outro mundo possível (o Deus de todos os nomes e o diálogo inter-religioso); por uma ética mundial; o lugar da teologia em outro mundo possível.

Informações e inscrições: www.pucrs.br/pastoral/fmtl ; e-mail: fmtl@pucrs.br

E de 19 a 23 julho de 2005, teremos em Ipatinga (MG) o 11º. Encontro nacional (intereclesial) das Comunidades Eclesiais de Base. O tema é "Espiritualidade libertadora" e o lema "Seguir Jesus no compromisso com os excluídos". Toda essa agenda demonstra que a Teologia da Libertação permanece viva e ativa.