No cenário em que estarão reunidos artistas, economistas, historiadores e sociólogos de variadas correntes do pensamento mundial, a proposta é debater em 10 mesas de trabalhos alternativas para solucionar problemas como a aplicação da cartilha neoliberal, o imperialismo, o poder dos meios de comunicação e o abismo entre teoria e prática no que se refere à possibilidade de mudanças.

“Se pensamos em retórica não há problema, mas se queremos colocar as idéias em prática devemos ir além das palavras. A palavra humanidade tem que deixar de ser uma abstração”, afirmou Pablo Gonzalez Casanova, cientista político da Universidade Autonoma do México (UNAM), durante a abertura do Encontro no Teatro Teresa Carreño, dia 1.

Para Casanova, o belicismo da política internacional estadunidense é um dos perigos reais à sobrevivencia da humanidade. “Como podemos fazer com que nosso diálogo tenha consequências?”, questiona o intelectual a uma platéia lotada de personalidades e gente comum, que passou a ocupar os espaços de discussão política no país.

A resposta, imediata, vem de uma tática militar. “A melhor defesa é o ataque. A humanidade tem que ir à ofensiva”, propõe o presidente Hugo Chávez.

O presidente venezuelano que acaba de chegar de uma série de visitas oficiais pela Espanha, Líbia, Rússia, Quatar e Irã, disse que cada dia mais “a realidade que se presencia no mundo fortalece essa idéia (de mudança)”.

Chávez voltou a criticar a invasão dos EUA no Iraque e sentenciou o início da queda do imperialismo liderado por George W. Bush. “O uso brutal da força para impor o modelo neoliberal é uma das evidências de sua debilidade”, afirmou Chávez.

Para efetivar a ofensiva do presidente venezuelano, Pablo Casanova propôs a criação de uma rede mundial para a construção de uma agenda coletiva de lutas e estratégias, que ultrapassem a retórica. “É preciso um movimento mundial para a batalla de idéias. Caracas poderá ser a sede desse encontro”, anunciou Chávez ao ressaltar que além dos intelectuais, essa nova “batalha” tem que contar com a participação popular. “Os povos do mundo necessitam de uma democracia revolucionária. Precisamos disso para alimentar estas batalhas que estão começando”, afirma o presidente venezuelano.

Para o sociólogo belga, Francois Houtart, além de não aplicar as propostas alternativas à lógica neoliberal, a falta de “abrigos” é uma das barreiras para que as propostas Sejas efetivdas. “É muito importante que Venezuela, o ponto mais dinâmico e radical de transformações sociais hoje queira abrigar esta discussão. Temos que colocar a idéia em prática”, avalia Houtart.

Entre as principais personalidades que circularão por Caracas nos próximos dias estão: o Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, o escritor paquistanês Tariq Ali, o embaixador da Organização das Nações Unidas para a Alimentação, Zean Ziegler, o cientista político brasileiro Emir Sader, o sociólogo argentino Atílio Boron, o ministro da Cultura de Cuba, Abel Prieto, o escritor e jornalista inglês Richard Gott, entre outros.