O centro da capital boliviana está bloqueado nesta terça-feira (31) por milhares de manifestantes que desde cedo começaram a se concentrar nas imediações da praça principal da cidade. Eles se dividem entre aqueles que pressionam pelo fechamento do Congresso e pela queda do presidente Carlos Mesa, e aqueles que exigem que o parlamento convoque uma Constituinte e nacionalize a exploração de petróleo e gás.

Diferentemente do que havia acontecido nos 16 dias anteriores de mobilizações, os manifestantes, em sua maioria camponeses e trabalhadores de El Alto, chegaram em ônibus e caminhões "para não nos cansarmos durante a marcha, para enfrentar a polícia".

A entrada de veículos no centro urbano é impossível desde muito cedo. Apesar de as atividades econômicas estarem teoricamente funcionando com normalidade, todo o comércio da região central está fechado. As aulas estão suspensas devido a uma greve no setor estatal e por precaução nas instituições privadas. Na prática, a cidade está isolada do interior, com o bloqueio de todos os acessos.
Apesar da crise social, o Congresso reiniciou nesta terça suas sessões, após 16 dias.

O recesso havia acontecido logo após o parlamento havia aprovado a convocação do referendo e dava início ao debate para escolher a data da consulta e o teor da pergunta. Mas um grupo de manifestantes chegou à porta do edifício, apesar da barreira policial.

O presidente Carlos Mesa ofereceu garantias para que se reiniciem as sessões e se comprometeu a cumprir e a fazer cumprir as decisões que forem adotadas. Mesa disse ainda que manterá sua decisão de buscar soluções aos problemas "apenas mediante diálogo e acordo", e que, apesar de "isso passar uma imagem de fraqueza", não quer dizer que "conceitualmente renuncie" ao uso das Forças Armadas para manter a ordem.

"Se uma sociedade democrática renuncia à possibilidade de que a força legalmente constituída possa e deva agir em uma situação de grave movimentação interna, está renunciando a possibilidade de se salvar", disse.

Brasil de Fato