Insistência de setores do governo mexicano de vincular o Exército Zapatista de Libertação Nacional ao narcotráfico é o motivo mais provável para o “alerta vermelho” decretado pela guerrilha, segunda-feira (20), em Chiapas.
O governo mexicano considerou nesta terça-feira (21) "injustificada" a decisão da guerrilha zapatista de decretar "alerta vermelho" e pediu para a liderança rebelde retomar os diálogos de paz. O porta-voz presidencial, Rubén Aguilar, ressaltou que o presidente Vicente Fox sempre esteve "aberto ao diálogo" com os grupos insurgentes.
"Não vejo razão alguma para emitir o alerta, não é a primeira vez que ocorre", disse Luis H. Alvarez, chefe da comissão para a paz no Estado de Chiapas, sul do país Alvarez, a uma rádio local. "Parece que a intenção (dos zapatistas) é se estabelecer novamente de forma midiática", ressaltou o funcionário do governo.
O Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), mobilizado desde de 1º de janeiro de 1994 em Chiapas, decretou segunda-feira (20) "alerta vermelho" e ordenou o fechamento de suas chamadas "juntas de bom governo" nos municípios autônomos que administra em sua área de influência. Da mesma forma, anunciou o "aquartelamento" de suas "tropas regulares". No entanto, a nota oficial, assinada pelo subcomandante Marcos, não revela os motivos.
A hipótese mais provável é que os zapatistas estejam reagindo à tentativa do governo mexicano de vincular a guerrilha ao narcotráfico. No final de semana, a Secretaria de Defesa Nacional (Sedena) anunciou ter localizado e destruído 44 plantações de maconha numa região supostamente vinculada ao EZLN.
Segundo o diário mexicano La Jornada, porém, vários especialistas disse que as áreas fiscalizadas não estão sob influência dos zapatistas. O próprio comando do Exército oficialmente refuta esse vínculo, diz o mesmo jornal.
O subcomandante Marcos disse que o Comitê Clandestino Revolucionário Indígena (CCRI) do EZLN deu uma ordem de evacuação e fechamento das juntas e de suas filiais nas comunidades indígenas de Oventik, La Realidad, La Garrucha, Morelia e Roberto Barrios. Também foram chamados às suas linhas todos os militantes do movimento que estavam realizando trabalhos sociais nas comunidades zapatistas.
Pediu ainda também aos membros da sociedade civil e internacional que participam de projetos em comunidades de influência zapatista que abandonem o "território rebelde" ou permaneçam "por sua conta e risco". O EZLN anunciou que estão suspensas por tempo indeterminado todas as transmissões da rádio rebelde La Voz de los Sin Voz ("A Voz dos Sem Voz”).
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