O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, propôs nesta quarta-feira (14) "derrotar os terroristas na batalha das idéias", diante de um auditório composto por governantes de todo o mundo que o recebeu com frieza nas Nações Unidas.

Bush foi um dos primeiros oradores da abertura da sexagésima Assembléia Geral da ONU, realizada em Nova York. As palavras do presidente norte-americano não foram interrompidas em nenhum momento por aplausos espontâneos, que chegaram apenas quando ele concluiu o discurso.

O ambiente da ONU esfriou para os norte-americanos desde 2003, quando Washington lançou a invasão do Iraque sem o apoio da organização mundial. Os EUA não conseguiram convencer que o governo de Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa, nunca encontradas. Além disso, a Casa Branca lançou uma ofensiva contra a ONU que refletiu na designação, sem a aprovação do Senado, de seu novo embaixador diante das Nações Unidas, John Bolton.

O novo representante está avançando em uma agenda para o enxugamento da ONU e ficou encarregado de apresentar uma rajada de emendas ao documento final que deverá ser aprovado durante a atual cúpula. Bolton resistiu às reformas no terreno ambiental e foi pressionando por uma controvertida vigilância global em relação aos direitos humanos.

Diante de seus colegas de todo o mundo, Bush disse que "as nações civilizadas devem seguir levando adiante a luta contra os terroristas". Bush, que relacionou a invasão do Iraque com o combate às organizações fundamentalistas islâmicas, disse que "essa luta não poderá ser vencida apenas com a força das armas". "Devemos derrotar os terroristas no campo de batalha, mas também devemos vencê-los na batalha das idéias", disse o presidente norte-americano. Bush chamou a comunidade internacional para "mudar as condições que permitem que os terroristas floresçam e recrutem, para poder espalhar a esperança de liberdade para milhões que nunca a conheceram".

"Para espalhar essa visão de esperança, os Estados Unidos estão decididos a ajudar as nações que lutam contra a pobreza", afirmou Bush, que enfatizou a importância das Metas do Milênio, entre elas a redução da pobreza mundial para a metade até 2015 e garantir a educação primária às crianças de todo o planeta.

"Temos a obrigação moral de ajudar os outros", completou Bush, que chegou à cúpula um pouco debilitado devido à contínua violência no Iraque - que põe em xeque sua aposta da "exportação de democracia" - e também após as conseqüências do furacão Katrina, que colocou em evidência as vulnerabilidades de seu país.

Bush agradeceu a ajuda oferecida por mais de 115 países para enfrentar as conseqüências do furacão, e assegurou que a resposta internacional, igualmente realizada depois do tsunami no Pacífico, "mostrou uma vez mais que o mundo é muito mais bondoso e esperançoso se os países atuarem juntos". "Essa verdade é a inspiração das Nações Unidas", continuou Bush, que aproveitou para pedir que a organização seguisse respondendo de forma efetiva os grandes desafios de nosso tempo, como "aliviar o sofrimento e espalhar a liberdade".

Sobre o combate à pobreza, Bush afirmou que seu país está comprometido em multiplicar sua assistência aos países em desenvolvimento e a impulsionar a rodada de Doha, da Organização Mundial de Comércio (OMC), com o objetivo de "eliminar tarifas e outras barreiras protecionistas". (ANSA)

Carta Maior