Às vésperas das eleições legislativas, realizadas no dia 4, o presidente venezuelano acusou que o boicote da oposição, uma vez mais, havia sido arquitetado pelos Estados Unidos com o objetivo de desestabilizar a sua reeleição em 2006. Chávez detém 75% do apoio popular enquanto a oposição ainda não definiu se unificará ou não suas candidaturas.

“O que a oposição está fazendo é lançar um novo golpe. Agora, um golpe eleitoral a mando do presidente dos Estados Unidos. Isso é conseqüência da Cúpula de Mar del Plata e dos êxitos que a revolução bolivariana tem conquistado com democracia”, afirmou Chávez. Na referida Cúpula, fracassou o plano estadunidense de reviver a Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

Isolamento

“A oposição se retirou porque não tem apoio do povo. Nós levantamos cedo para votar porque defendemos a revolução e acreditamos nas mudanças que estão ocorrendo em nosso país”, comenta Luis Quiroga, da Associação Bolivariana de Advogados, um dos primeiros da fila em frente ao centro de votação da Escola Luiz Pimentel, em Caracas.

Do outro lado da cidade, na área nobre, os centros de votação estavam completamente vazios. A organização opositora Súmate – financiada pelos EUA – convocou os eleitores a trocar as urnas pela igreja para pedir a Deus que velasse pela democracia no país. O número de fiéis, de acordo com a igreja, não aumentou, nem diminuiu.

No final, o número de eleitores que compareceram às urnas não ultrapassou os 25%. Para a oposição, um sinal do descontentamento popular. Para o governo, uma constatação dos índices históricos de abstenção. Na Venezuela, o voto não é obrigatório e tradicionalmente há pouco comparecimento às eleições legislativas. Na última eleição, da qual também participou a oposição, a participação atingiu os 27%, apenas dois pontos percentuais de diferença.

O clima é tenso. Os venezuelanos sabem que foi dado o tiro de largada para o pleito presidencial. De um lado, a oposição segue absolutamente desorganizada, sem respaldo popular, mas com todo apoio e dinheiro de Washington. De outro, um governo que ganha a 9ª eleição seguida, mantém apoio de 75% da população, controla o Parlamento e tem a oportunidade de aprofundar as medidas transformadoras. Vênus Gúsmaz, uma das tantas venezuelanas inseridas no processo de organização popular, sentencia: “Estamos apenas começando. Vai ser um ano duro, mas estamos prontos para defender este processo e garantir outra vitória.”