Queridos camaradas do Partido Comunista Marxista-Leninista do Equador e do Movimento Popular Democrático
Companheiros e companheiras combatentes por uma América Latina socialista

A América Latina é uma das regiões do mundo em que mais se desenvolve o movimento operário-popular e avança a luta de classes.

A vitória de Evo Morales na Bolívia, resultado de várias revoltas populares dos indígenas e trabalhadores bolivianos explorados há séculos pela oligarquia da Bolívia; a continuidade do governo anti-imperialista de Chávez na Venezuela; a resistência do povo cubano ao famigerado bloqueio do imperialismo norte-americano; a luta dos povos do Equador contra o TLC e a espoliação das empresas estrangeiras, como a OXY, a resistência da guerrilha na Colômbia e o levante popular em Oaxaca, México, são indicações claras do enfraquecimento político do imperialismo norte-americano na região e do avanço da consciência e da organização dos trabalhadores em nosso continente.

Na Venezuela, Hugo Chávez Frías conquistou sua terceira vitória consecutiva como presidente da República Bolivariana.

A grande vitória eleitoral de Chávez foi possível não só porque realizou um governo antiimperialista, mas também porque defendeu durante a campanha o socialismo e várias medidas contra a dominação imperialista na Venezuela, tais como a retomada das estatais privatizadas durante a década de 1990, a estatização da empresa de energia elétrica, o fim da chamada autonomia do Banco Central e um maior controle nacional sobre a indústria petroleira. No terreno político, Hugo Chávez defendeu a criação de conselhos populares, para que o povo participe ativamente não somente da eleição dos seus representantes, mas também das decisões governamentais.

Convencidos, trabalhadores, jovens e indígenas votaram em Chávez.

Dando início a essas medidas, Hugo Chávez não renovou a concessão do canal Radio Caracas Televisión (RCTV), conhecido do povo venezuelano por ter participado ativamente do golpe antidemocrático de 2002.

Temerosos de que o exemplo se espalhe, os grandes meios de comunicação iniciaram uma grande campanha para apresentar Hugo Chávez como o novo demônio mundial e passaram a destilar seu ódio a ele em reportagens que afirmam que cancelar uma concessão pública a um grupo privado é uma medida antidemocrática. Mas o presidente da Venezuela não cedeu às pressões e manteve a decisão.

Entretanto, os golpes contra a dominação imperialista na América Latina não ocorrem apenas na Venezuela.

Na Bolívia, o presidente Evo Morales nacionalizou o gás e o petróleo, no ano passado, e informou que este ano serão nacionalizadas as minas do país e que há um “debate profundo” entre os advogados do governo para nacionalizar a maior empresa telefônica do país, a Entel, cuja principal acionista é a italiana Telecom, com 50%.

No Equador, depois de o povo ter expulsado a multinacional dos Estados Unidos Oxy de seus campos de petróleo e revogado o Tratado de Livre Comércio com os EUA, Rafael Correa declarou que não renovará a concessão para os EUA manterem a base militar de Manta e convocou uma Assembléia Nacional Constituinte, impondo uma dura derrota para as forças de direita.

Ainda no ano passado, no Chile, a juventude foi às ruas exigindo uma profunda reforma educacional no país, cobrando mais direitos e denunciando a privatização dos serviços públicos.

No Peru, o candidato apoiado pelas forças populares e de esquerda, Olanta Humala, obteve uma grande votação no primeiro e no segundo turno das eleições presidenciais, e o movimento sindical readquiriu novo impulso, com grandes lutas sendo travadas.

Na Colômbia, vários são os reveses que as tropas do Exército oficial sofreram nos enfrentamentos com a guerrilha, que se mantém firme e com controle de importantes áreas do país.

Em Cuba, o afastamento de Fidel Castro do governo para realizar tratamento de saúde não levou a nenhuma comoção no país, e as últimas notícias dão conta de uma melhora no estado de saúde do presidente cubano, frustrando as expectativas dos ianques.

No México, a população de Oaxaca, uma das mais importantes cidades do país, levantou-se contra seus exploradores, destituiu todos os governantes, elegeu a Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca (Appo) e enfrentou de pé uma violenta repressão do governo mexicano.

Greves, ocupações de terra e manifestações estudantis se sucedem por todos os países, deixando claro que vivemos uma nova onda de revoltas e de rebeliões na América Latina.

Diante dessa realidade, as oligarquias, a grande burguesia e o imperialismo temem o crescimento das mobilizações populares e os seguidos golpes contra seus mesquinhos interesses. Acuado e temendo perder sua influência, o imperialismo norte-americano quer aumentar sua presença militar na América Latina, como mostra o recente acordo com o governo do Paraguai, que permite livre ingresso nesse país de tropas estadunidenses e a utilização da base militar de Mariscal Estigarribia, e, ao mesmo tempo, busca uma aliança estratégica com o governo brasileiro para retomar a ALCA e isolar as forças populares e anti-imperialistas da América Latina.

A tendência é, portanto, de radicalização dessa contradição na maioria dos países de nosso continente.

De um lado, o imperialismo junto com as burguesias nacionais e as oligarquias procurarão estabelecer governos – por eleições ou não – que garantam a continuidade e o aprofundamento da exploração dos trabalhadores e a espoliação das nações.

De outro, a classe operária, os camponeses, os indígenas e os povos crescem seu ânimo para a luta e para a revolução.

Tal é a realidade em nosso continente.

Como se vê, a esquerda tem diante de si grandes tarefas e desafios.
Cremos que, antes de mais nada, nossa principal tarefa é apoiar e impulsionar esses movimentos e dar prosseguimento à essas lutas, procurando aprofundar o seu conteúdo e atraindo para elas cada vez mais parcelas do povo.

Porém, mais que apoiá-las, é decisivo que a esquerda revolucionária assuma a direção desse movimento antiimperialista e se caracterize por ser quem mais intransigentemente defende os interesses das massas populares e suas reivindicações.

De fato, como demonstra a experiência histórica das lutas populares na América Latina, vários levantes populares foram derrotados por não ter em sua direção uma vanguarda revolucionária, temperada nas lutas dos trabalhadores e dirigida por uma teoria de vanguarda, pelo marxismo-leninismo.

Nesse sentido, não é demais repetir a necessidade de dominar todas as formas de lutas e de organização da classe operária, haja vista, que para vencermos e avançarmos a luta revolucionária é essencial aprofundar nossos vínculos com as massas populares.

Por isso, acreditamos que apesar de todos os avanços da luta de classes em nosso continente, é, ainda, de grande importância a atuação dos revolucionários nas organizações sindicais, estudantis, populares e indígenas, bem como, a participação nas eleições parlamentares.

Por outro lado, no desenvolvimento dessas lutas, enfrentamos e continuaremos a enfrentar agrupamentos e lideranças que se proclamam de esquerda, mas defendem tímidas reformas econômicas e políticas e se recusam a lutar pelo fim do capitalismo. Por isso, não há como avançar e preparar as massas para uma revolução senão, combatendo os que propagam ilusões pacifistas entre os trabalhadores e se recusam a erguer a bandeira da revolução.

Por esta razão, consideramos de grande importância a realização há 11 anos deste Seminário Internacional, organização pelo Partido Comunista Marxista-Leninista do Equador e pelo Movimento Popular Democrático, que permite não só o debate e a divulgação da teoria revolucionária, como também incentiva e promove a solidariedade entre as organizações revolucionárias de nosso continente.

Proletários de todos os países, uni-vos!
Viva o marxismo-leninismo!

Fuente : Comitê Central do Partido Comunista Revolucionário (PCR)