Se aos três discursos que mencionei nas palavras proferidas aos delegados ao Encontro de 29 janeiro de 2003 acrescentamos aquele que preferiu ontem 28, traduzido ao espanhol pela CNN __acompanhado de sobrancelhas levantadas e gestos peculiares, gravado e transcrito imediatamente por pessoal qualificado, este é o pior de todos pela sua demagogia, mentiras e falta total de ética. Falo das palavras que ele talvez acrescentou, pelo tom em que o fez e pessoalmente observei, é o material com o qual trabalhei.

"Os Estados Unidos de América está chefiando a luta contra a pobreza mundial com sólidos programas educacionais e de assistência humanitária… Este programa reforça a democracia, a transparência e o império da lei em países em desenvolvimento, e peço-lhes aos membros deste Congresso que financiem completamente esse importante programa.”

“Os Estados Unidos de América está à vanguarda na luta contra a fome no mundo. Hoje, mais metade da ajuda alimentar do mundo vem dos Estados Unidos de América. Esta noite peço-lhe ao Congresso para apoiar uma proposta inovadora de oferecer ajuda alimentar ao comprar culturas diretamente aos agricultores do mundo em desenvolvimento, para que possamos desenvolver a agricultura nacional deles e quebrar a penúria.”.

No começo deste de parágrafo se está referindo aos compromissos já adquiridos pelos Estados Unidos em outros tempos com a FAO e outros organismos internacionais, uma gota de água perante as angustiosas necessidades atuais da humanidade.

“Os Estados Unidos de América" encabeça a luta contra as doenças. Com a ajuda deles, estamos trabalhando para reduzir a metade do número de mortes relacionadas com a malária em 15 nações africanas, e o nosso plano contra a AIDS já está dando tratamento a um milhão 400 mil pessoas. Podemos levar ajuda a muitas outras pessoas. Peço-lhes que aprovem 30 bilhões a mais nos próximos cinco anos… "

Os "Estados Unidos de América é uma força de esperança no mundo, porque nós somos um povo condolente… "

"Nos últimos sete anos temos acrescentado os fundos para veteranos em mais de 95 por cento... para atender também às necessidades de uma nova guerra… para melhorar o sistema de atenção aos nossos guerreiros feridos… ”

"Peço-lhes que me acompanhem a criar novos empregos para as esposas e os esposos de nossos militares…”.

"Confiando no povo, sucessivas gerações que transformaram nossa frágil e jovem democracia na nação mais poderosa da Terra… Nossa liberdade estará segura e o estado de nossa nação permanecerá sólido.”

Tudo isso o afirma isto tranquilamente, mas desde o começo de seu discurso, no qual elude todos os problemas difíceis, vai fundamentando pedra sobre pedra, as bases dessa suposta liberdade e prosperidade, sem fazer a mais mínima referência aos militares norte-americanos que morreram ou foram mutilados pela guerra.

Tinha começado seu discurso assinalando que "a maioria dos estadunidenses pensa que os impostos já são muito altos…” Ameaça ao Congresso: "Deve saber que se algum tipo de projeto de lei que aumente os impostos chegar ao meu gabinete, o vetarei."

“A semana que vem lhes remeterei um orçamento que elimina ou reduz consideravelmente 151 programas esbanjadores ou inflados, que se elevam a mais de 18 bilhões. O orçamento que apresentarei manterá aos Estados Unidos da América para um superávit no 2012. "

Ou errou a cifra, ou a arrecadação de 18 bilhões não significa nada num orçamento que atinge os 2,8 milhões de milhões.

A coisa mais importante é distinguir entre o déficit do orçamento do Estado, que atingiu 163 bilhões, e o déficit da conta corrente da balança de pagamentos que teve um total de 811 bilhões em 2006, e a dívida pública é calculada em 9,1 milhões de milhões. A despesa militar eleva-se a mais de 60 por cento do total investido no mundo por aquele conceito. A onça troy de ouro, hoje, dia 29 alcançou o recorde de 933 dólares. O desordem é conseqüência da emissão de dólares sem nenhum limite num país cuja população gasta mais do que economiza e em um mundo onde a capacidade aquisitiva da moeda corrente dos Estados Unidos de América diminuiu extraordinariamente.

A medida que acostuma a aplicar seu governo é expressar confiança e segurança na economia, baixar as taxas de juros bancários, injetar mais notas em circulação, aprofundar o problema e dilatar as consequências.

O que significa atualmente o preço do açúcar que hoje estava a 12,27 centésimos do dólar a libra? A sua produção e exportação dedicam-se hoje dezenas de países pobres. Menciono este exemplo só para ilustrar que o Bush deliberadamente emaranha e mistura tudo.

O Presidente dos Estados Unidos de América continua assim deste modo com seu passeio olímpico sobre problemas de um planeta a seus pés.

"Quero que aprovem reformas dos programas Fanie Mae e Freddie Mac; modernizar a Direção Federal de Habitações e permitir os proprietários financiem novamente suas hipotecas por bônus livres de impostos... "

"Temos um objetivo comum: fazer com que a atenção médica seja mais acessível para todos os estadunidenses." Para isto, devemos aumentar as opções dos consumidores, não o controle do governo… "

"Devemos confiar em que os estudantes aprenderão si se lhes proporciona a oportunidade, e aos pais mais poder para exigir mais resultados de nossas escolas…

"O estudantes afro-estadunidenses e hispânicos chegaram a obter qualificações máximas… Ainda devemos trabalhar juntos de maneira que exista mais flexibilidade para os estados e distritos e diminuir o número de estudantes que abandoam a escola antes de terminar o Ensino secundário…

"Graças às bolsas de estudo que vocês aprovaram, mais de 2,600 das crianças mais pobres da capital encontraram uma nova esperança numa escola religiosa ou particular de outro tipo. Infelizmente, estas escolas estão desaparecendo a um ritmo alarmante em muitos dos bairros urbanos pobres dos Estados Unidos de América… Porém, peço-lhes vosso apoio para um novo programa de 300 milhões de dólares…

"Cada vez mais dependemos da capacidade de vender produtos, colheitas e serviços a todo o mundo. portanto, queremos terminar com as barreiras ao comércio e ao investimento. Desejamos uma Rodada de Doha que tenha êxito, e queremos lograr um acordo este ano.

“Desejo agradecer ao Congresso ter aprovado o acordo com o Peru. E agora eu peço-lhes aprovar os acordos com a Colômbia, Panamá e Coréia do Sul.

"Muitos produtos destes países entram aqui sem taxas alfandegárias; no entanto, muitos de nossos produtos encaram taxas alfandegárias altas em seus mercados. Devemos igualar a situação. Isto nos daria acesso a mais de 100 milhões de clientes e apoiaria bons trabalhos para os melhores trabalhadores do mundo: aqueles cujos produtos sejam produzidos nos Estados Unidos de América.

"Estes acordos também promovem os interesses estratégicos dos Estados Unidos de América.

"Nossa segurança, nossa prosperidade, nosso meio ambiente, eles exigem reduzir nossa dependência do petróleo. Procuremos energia a partir do carvão…

"Nós vamos a criar um fundo internacional de tecnologia limpa para reduzir e talvez reverter a emissão de gases de efeito de estufa.

"Para continuar a ser competitivos no futuro, devemos confiar nos nossos cientistas e técnicos e lhes dar mais poder para chegarem às descobertas do futuro. Peço-lhes o apoio federal… para que os Estados Unidos da América continuem sendo a nação mais dinâmica do planeta."

Sempre apelando ao chauvinismo, prossegue o seu vôo imaginário para outros temas:

"Hoje na costa do Golfo nós queremos render homenagem à resistência dos habitantes desta região; queremos que eles possam reconstruí-la melhor, mais forte do que antes. E me praz anunciar que vamos a fazer uma Cúpula norte-americana dos Estados Unidos da América , do México e do Canadá na grande cidade de Nova Orleans.

"Outro desafio importante é a imigração. Os Estados Unidos necessitam garantir as suas fronteiras e, com a sua ajuda, o meu governo está tomando providências para fazê-lo, aumentando o controle nos locais de trabalho, colocando barreiras e novas tecnologias para impedir cruzamentos ilegais… Este ano pensamos duplicar o número de agentes da "Patrulha da Fronteira". Trata-se de uma das fontes de emprego bem remunerada que procura Bush.

Não deseja recordar que a México lhe foi arrebatado mais do 50 per cento do seu território em uma guerra de conquista, e pretende que ninguém se lembre que no muro de Berlim, durante os quase 30 anos de existência, morreram menos pessoas tentando ingressar ao "mundo livre" que os latino-americanos estão a morrer já - não menos de 500 cada ano-ao tentarem cruzar a fronteira em busca de trabalho, sem lei de Ajuste que os privilegie e estimule, como fazem com os cidadãos de Cuba. A cifra de imigrantes ilegais prendidos e devolvidos traumaticamente cada no ascende a milhares de milhares.

Em seguida, o discurso muda para o Oriente Médio, de onde acaba de regressar depois de um veni, vidi, vici diplomático.

Depois de mencionar o Líbano, o Iraque, o Afeganistão e o Paquistão, afirma: "A segurança dos Estados Unidos e a paz do mundo dependem de que espalhemos a esperança da liberdade nele. No Afeganistão, nos Estados Unidos, os nossos aliados da OTAN e 15 países associados estão a ajudar o povo afegão a defender a sua liberdade e a reconstruir o seu país".

Não menciona em absoluto que mesmo isso foi o que quis fazer a URSS, ao ocupar o país com as suas poderosas Forças Armadas que acabaram derrotadas ao colidir com os seus costumes, religião e cultura diferentes, independentemente de que os soviéticos não foram ali para conquistar matérias-primas para o grande capital, e de que uma organização socialista que nunca fez dano algum aos Estados Unidos tentou mudar revolucionariamente o curso da nação.

Logo, Bush muda para o Iraque, quem não teve nada a ver com os atentados do 11 de setembro de 2001, e foi invadido porque dessa maneira o decidiu Bush como Presidente dos Estados Unidos e os seus mais próximos colaboradores, sem que ninguém duvide no mundo que o objetivo era ocupar os seus jazigos de petróleo, o que já custou a esse povo centenas de milhares de mortos e milhões de afastados dos seus lares, ou foram forçados a emigrar.

"O povo do Iraque rapidamente percebeu que algo dramático estava acontecendo. Os que temiam que os Estados Unidos se estivessem preparando para os abandonar, viram como dezenas de milhares de soldados chegavam ao país, viram as nossas forças deslocar-se para a vizinhança, desalojar os terroristas e ficar para garantir que o inimigo não voltasse… Os nossos soldados e civis no Iraque estão agindo com coragem e distinção, e contam com a gratidão de todo o país …

"No último ano, temos capturado ou matado a milhares de extremistas no Iraque; os nossos inimigos tem sido duramente golpeados, mas ainda não foram derrotados. E podemos esperar ainda que hajam lutas mais difíceis.

"O objetivo do próximo ano é manter e construir sobre os sucessos de 2007, passando à seguinte fase da nossa estratégia. As tropas estadunidenses estão passando de chefiar operações a serem parceiras das forças iraquianas e eventualmente a ter uma missão de supervisão…

"Isto significa que mais de 20 mil dos nossos soldados estão voltando.

"Qualquer redução futura de tropas estará baseada nas condições no Iraque e nas recomendações dos nossos comandantes.

"O progresso nas províncias deve ser em correspondência com o progresso no Bagdad.

"Ainda resta muito, mas depois de décadas de ditadura e a dor de violências sectárias, a reconciliação está deitando raízes, e o Iraquianos estão assumindo o controle do seu futuro.

"A missão no Iraque tem sido difícil, mas é um interesse vital dos Estados Unidos que tenhamos sucesso.

"Também nos enfrentamos a forças extremistas na Terra Santa… Os palestinos tem eleito a um Presidente que reconhece que encarar o terrorismo é essencial para alcançar um Estado onde o seu povo possa viver com dignidade e em paz com o Israel."

Bush não diz uma palavra dos milhões de palestinos desalojados das suas terras ou expulsos delas, submetidos a um sistema de apartheid.

A fórmula de Bush é conhecida: 50 bilhões de dólares em armas para os árabes, vindos do complexo militar- industrial, e 60 bilhões para o Israel em dez anos. Trata-se de dólares que mantenham um valor real. Alguém paga: centenas de milhões de trabalhadores produzindo com as suas mãos mercadorias baratas e salários mínimos, e outros centenas de milhões de pessoas sub-alimentadas.

Mas não acaba aqui o discurso: "O Irão está dando-lhes fundos e treinando a grupos milicianos no Iraque, apoiando os terroristas de Hezbollah no Líbano e os esforços de Hamas para socavar a paz na Terra Santa. O Teerã também está desenvolvendo mísseis balísticos de alcance cada vez maior e continua desenvolvendo a sua capacidade para enriquecer urânio, o que poderia servir para criar um arma nuclear.

"A Nossa mensagem para os líderes do Irã é clara: cessem de maneira verificável o enriquecimento nuclear para poder negociar.

"Os Estados Unidos enfrentarão aqueles que ameacem as nossas tropas. Estaremos ao lado dos nossos aliados e defenderemos os nossos interesses vitais no Golfo."

Isto não se refere ao Golfo de México, senão ao Golfo Pérsico em águas não mais distantes de 12 milhas do Irã.

Há um fato histórico: na época do Sha, o Irã era a potência melhor armada da região. Com o triunfo da Revolução nesse país, chefiada pelo Imame Khomeini, os Estados Unidos encorajaram ao Iraque e lhe deram apoio para invadi-lo. A partir dai surgiu um conflito que custou milhares de milhares de milhões e incalculáveis mortos e mutilados, e que hoje se justifica como algo próprio da guerra fria.

Na realidade, não é preciso que outros órgãos de divulgação informem sobre o discurso do Presidente dos Estados Unidos; é necessário deixar que o próprio Bush fale. Para um povo que sabe ler, escrever e que pensa, ninguém pode fazer uma crítica mais eloqüente do império que o próprio Bush. A titulo de país aludido, eu lhe respondo.

Tenho trabalhado duro.

Espero ter escrito com fria imparcialidade.

Fonte
Agence Cubaine de Nouvelles ">Agence Cubaine de Nouvelles

Agência Cubana de Notícias