De acordo com o comunicado da Casa Branca, a visita do vice-presidente Joe Biden à Ucrânia era para demonstrar o apoio à Ucrânia pelos Estados Unidos. Washington percebe que o governo interino em Kiev está à beira do colapso. Mas a sua queda seria o equivalente a uma derrota sofrida pelos Estados Unidos. Biden aterrou (aterrissou-Br) em Kiev para fazer salvar a face aos EUA e definir as formas de recuo, se necessário. Sob o pretexto de compromissos globais, a Casa Branca está focada na missão, local, de manter o poder na Ucrânia nas mãos dos seus fantoches ... O país está numa desordem; o plano para convertê-lo num trampolim anti-russo falhou. Eis aqui mais um fracasso global dos EUA, e Biden tinha que encobri-lo com declarações pedindo «a defesa da unidade e independência da Ucrânia, da restauração do seu orgulho e honra nacional». Mas os resultados da visita contam uma história diferente.

 Em primeiro lugar, ninguém tem dúvida nenhuma, agora, que os impostores em Kiev dependem totalmente de Washington. A crise na Ucrânia está-se espalhando abrangendo toda a nação. A situação precisa que sejam tomadas medidas urgentes. Os norte-americanos cometem outro erro tentando substituir a gestão abrangente da crise nacional, com o dito «desanuviamento» afirmou no Leste.

 Em segundo lugar, está-se tornando claro para Washington que os governantes de Kiev não pode defender os interesses dos EUA na Ucrânia como esperado. A influência norte-americana abarca apenas em um limitado número de políticos ucranianos, individualmente, com muito pouca popularidade. A frustração dos EUA foi demonstrada pela forma como as supostas eleições marcada para Maio foi discutido pelas partes. Nenhuma campanha pré-eleitoral é possível quando os poderes centrais ocuparam regiões inteiras usando a força. O inteiro processo eleitoral baseou-se numa longa lista de candidatos, mas não há ninguém nela em quem os Estados Unidos pudessem confiar. Como poderia uma vitória «democrática» ser garantida quando a maioria da população não tem nenhum desejo de expressar a sua vontade, seja como for? No entanto o Vice-presidente Biden disse a Kiev para continuar com a missão.

 Em terceiro lugar, Biden deve ser lembrado que ele, pessoalmente, é responsável pelo colapso do Estado na Ucrânia. No final de janeiro Biden pressionou o Presidente Yanukovych da Ucrânia para responder às preocupações legítimas dos manifestantes e proteger as liberdades democráticas [1]. Biden disse na época que a violência, por qualquer das partes, era inaceitável, mas que só o governo da Ucrânia podia garantir um fim para a crise. O vice-presidente também disse a Yanukovych que mais violência teria consequências na relação da Ucrânia com os EUA, que estava considerando sanções. Agora, um total volte-face. Ele exorta os novos governantes de Kiev a usar a força no Leste da Ucrânia. Em janeiro Biden estava apelava para um acordo às exigências dos pacíficos manifestantes, salientando a importância do diálogo com a oposição e a necessidade de encontrar uma saída da crise com base no compromisso. Agora ele quer as reuniões proibidas no Leste. Segundo ele, a pronúncia da vontade do Povo abanará os «fundamentos da sociedade democrática». Só pessoas muito ingénuas não repararão em como descaradamente hipócrita ele é.

 Em quarto lugar, as suas observações no Verkhovna Rada (parlamento) foram estranhamente duras [2]. Mais uma vez ele ressaltou que a intromissão da Rússia nos assuntos internos da Ucrânia era inaceitável. Apenas alguns dias antes do referendo na Crimeia Kerry ameaçou, dizendo que «os meios diplomáticos de gestão de crises poderão ser esgotados em breve». Os avisos dos Estados Unidos falharam não conseguindo produzir os resultados esperados. É hora de o governo dos EUA redefinir a abordagem em relação à Rússia.

Joe Biden compartilhou, numa entrevista com o Wall Street Journal, a sua visão do lugar da Rússia na arena internacional [3]. Segundo ele, a situação no mundo está a mudar enquanto a Rússia tenta agarrar-se ao passado instável, arriscando perder a face e a postura imperial. Ainda assim, ele admitiu que Washington estava a agir com cautela. Até citou seu pai, que lhe disse para nunca levar um homem a um canto sem saída. Ele acertou em cheio. Mas Biden, Jr., está levar os Estados Unidos para um beco sem saída na Ucrânia, o beco sem saída que está longe de deixar uma oportunidade de saída. Em termos concretos, não há nada que o curador de Kiev possa oferecer.

 Em quinto lugar, falando numa reunião com os parlamentares ucranianos, Biden disse que os Estados Unidos apoiaram a Ucrânia enfrentando «ameaças humilhantes». É evidente que que se referia à Rússia. Ainda assim, muitos deputados ucranianos sem nenhuma simpatia pela Rússia, acharam a ajuda económica oferecida pelos Estados Unidos embaraçosa. Os EUA dispõe-se a fornecer uns 50 milhões (US $) adicionais para reformas políticas e económicas na Ucrânia, incluindo (US $) 11 milhões para ajudar a executar a eleição presidencial de 25 de maio. E ainda mais 8 milhões(US $) fornecidos para a assistência militar não letal, tal como equipamento de eliminação de bombas e rádios. É nada em comparação com o que foi alocado para o golpe. Os Ucranianos estão aborrecidos por lhes ser oferecida a sua quota de migalhas da mesa do amo. Kiev ainda se lembra que o montante total da ajuda económica (econômica-Br) que recebeu da Rússia, desde os tempos do colapso da União Soviética, foi de cerca de 250 biliões (bilhões-Br) de dólares americanos [4].

 Em sexto lugar, a visita mostrou que os Estados Unidos estão propensos a discutir o destino do país nos bastidores conversando com autoridades ilegais. A cegueira de Kiev é impressionante. Eles olham para a terra natal através do prisma da hostilidade para com a Rússia. A óptica anti-Rússia distorce a realidade para além do evidência. Os apelos do Vice-Presidente de «parar de falar e começar a agir» perseguem o único objetivo - fazer a Ucrânia, finalmente, colapsar, transformando-o num satélite da América que é uma ameaça para os seus vizinhos. Não quero dizer apenas a Rússia sozinho, mas todos os vizinhos.

Os EUA não se preocupam com a opinião dos aliados europeus. Ele acudiu à mente do Vice-Presidente manter consultas preliminares com os parceiros da União Europeia. Tem-se a impressão que ele nunca leu a declaração final de Genebra sobre a Ucrânia, assinado pelos europeus [5]. Biden advertiu a Rússia que "comportamento provocativo" adicional levaria a "um maior isolamento" o que parece muito arcaico, como algo que não tem relação com os recentes esforços diplomáticos sobre gestão de crise na Ucrânia. Enquanto fala sobre o «desanuviamento» Biden continua as tentativas de fazer Kiev iniciar uma guerra contra o seu próprio povo.

Tradução
Alva
Fonte
Strategic Culture Foundation (Rússia)

[1Readout of Vice President Biden’s Call with Ukrainian President Viktor Yanukovych” (Ing-«Leitura do apelo do vice-presidente Biden com o presidente ucraniano, Viktor Yanukovych»-ndT), The White House, January 23, 2014.

[2Remarks by Vice President Joe Biden at a Meeting with Ukrainian Legislators” (Ing-«Observações do vice-presidente Joe Biden durante uma reunião com parlamentares ucranianos»-ndT), The White House, April 22, 2014.

[3Biden Says Weakened Russia Will Bend to U.S.” (Ing-«Biden diz que Rússia enfraquecida vai dobrar para os EUA»-ndT), by Peter Spiegel, The Wall Street Journal, July 25, 2009.

[4Russia’s post-Soviet aid for Ukraine totals about $250 bln - Russian PM Medvedev” (Ing-«Ajuda pós-soviética da Rússia para a Ucrânia totaliza US $ 250 bilhões - PM Russo Medvedev»-ndT), Voice of Russia, April 22, 2014.

[5Geneva Statement on Ukraine” (Ing-«Declaração de Genebra sobre a Ucrânia»-ndT), Voltaire Network, April 17, 2014.