Oficiais com as forças de defesa aérea e espacial, da 4a Brigada de Defesa Aérea, na sala de contrôle de combate na região de Moscovo.
Fonte: Grigoriy Sisoev

Aviões sem piloto Hipersónicos estão prestes a tornar-se a próxima fase no impasse técnico-militar entre Moscovo (Moscou-Br) e Washington. Em resposta ao advento da Doutrina de Ataques Preventivos dos Estados Unidos, a Rússia está se preparando para revelar um escudo espacial, com não menor alcance global do que o de suas Forças de Defesa Aero-espacial.

Esta evolução representa o renascimento de um dos temas centrais da era da Guerra Fria - a possibilidade da ’Star Wars’ («Guerra das Estrelas»).

A ameaça militar do espaço adjacente

Ao contrário do director George Lucas, o 40o presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, sabia muito bem que uma guerra no espaço já não era uma perspectiva distante. No século passado, a única coisa que o impediu de concretizar a ideia da total supremacia americana sobre os soviéticos, na década de 1980, foi a ausência da tecnologia necessária.

Primeira nave-espacial militar russa a ser lançada em Março

A América adquiriu essa tecnologia 25 anos depois, após o final da sua presidência. Em dezembro passado, o presidente russo, Vladimir Putin observou que o advento do hipersónico, sem piloto, e das ameaças de ataques espaciais por Washington, e o potencial para essas armas poderem ser usadas, podia levar à desactivação instantânea das defesas de Moscovo.

"A efectiva Defesa aeroespacial é uma garantia de sobrevivência para as nossas forças estratégicas de dissuasão, e de defesa do país contra as ameaças de ataques aero-espaciais" disse Putin, durante uma visita a uma fábrica de mísseis de defesa aérea, em Junho de 2013.

"Nenhum outro país, com excepção dos EUA, é capaz de ameaçar a sobrevivência das Forças Estratégicas Nucleares da Rússia (Strategicheskie Yaderniye Sili, ou SYaS) e nenhum outro país está na posse de meios de ataques espaciais."

O Perito militar Igor Korotchenko está convencido que a tarefa, em questão, exige uma compreensão das ameaças militares actuais que a Rússia pode ter que enfrentar, no decorrer dos próximos 15-20 anos. Elas derivam do facto de que uma série de países, primeiro e principalmente os Estados Unidos, estão activamente realizando pesquisas sobre a produção de meios de ataque militar hipersônicos.

Estes irão operar, não só no ar, mas também no espaço adjacente (à Terra-ndT). Isto dá origem a uma exigência para enriquecer o existente sistema de Defesa Aero- espacial (Vozdushno-Kosmicheskaya Oborona, ou DME) com sistemas de defesa anti-aérea e anti-míssil avançados (Protivovozdushnaya Oborona i Protivoraketnaya Oborona, ou PVO-PRO).

Em Março, um Instituto de Investigação Científica para a Defesa Aero-espacial foi criado na Rússia. Este instituto tem a tarefa de desenvolver um sistema de alerta e de vigilância para um ataque aero-espacial, e para atacar e empastelar ataques aero- espaciais, bem como o desenvolvimento de sistemas de contrôle e de manutenção para as actuais Forças de Defesa Aero-espacial.

A preocupação do Sistema Estratégico de Defesa Aero-espacial (Strategicheskie Sistemy Vozdushno-Kosmicheskoi Oborony), que junta os desenvolvedores de mísseis e radares, é trabalhar sobre o lado prático deste projecto. Dos 22 triliões(trilhões-Br) de rublos (616.000 milhões dólares) alocados para todo o programa de rearmamento do Exército russo em 2020, Moscovo pensa gastar cerca de 20 por cento deste orçamento em seu programa «Zvyozdnye voiny»(Guerra das Estrelas) . Isto equivale a cerca de 3-4 triliões de rublos (106 $ biliões).

Assegurado este financiamento, o trabalho já começou com a reinstalação global de um campo unificado de radar, para fornecer aviso antecipado de ataques de mísseis. O mais recente sistema de radar Voronezh-DM está sendo implantado ao longo das fronteiras da Rússia. Este sistema é capaz de detectar qualquer coisa que aconteça até uma distância de 3.000 km das fronteiras do país.

Estas estações de radar já foram instalados nas regiões de Leninegrado, Kalininegrado, e Irkutsk, bem como nos territórios de Altai e Krasnodar. Propõe-se que eles devam estar situados a uma distância de cerca de 1.000 km umas das outras. De acordo com o ministro da Defesa adjunto Yury Borisov, em 2018 elas formarão um sistema defensivo de radar a toda à volta da Rússia.

Será esta uma nova corrida armamentista?

Para além de desenvolver um sistema de alerta precoce para ameaças aero-espaciais, Moscovo está, activamente, desenvolvendo um meio de ataque próprio. Os últimos anos viram uma modernização em larga escala do sistema de defesa anti-mísseis A- 135, da Rússia, implantado em volta de Moscovo.
Somado a isto, a implantação do sistema de defesa anti-aérea próxima Pantsir-S1 está prevista, bem como 28 regimentos de mísseis anti-aéreos equipados com o S-400 Triumph, (o que equivale a cerca de 450-670 pontos de lançamento) e também 38 baterias do avançado sistema S-500 Vityaz (o que equivale a cerca de 300-460 pontos de lançamento).

Novo sistema de vigilância de radar testado no espaço

Segundo Borisov, várias novas fábricas estão em construção em Kirov e Nizhny Novgorod para produzir esses meios de defesa. O custo dessas novas fábricas (usinas- Br) está estimado em mais de 36 biliões de rublos (US $ 1 bilião).

Trabalho numa escala semelhante está em andamento para aumentar o potencial de combate dos armamentos estratégicos da Rússia. Desde que os EUA se retirou do Tratado de Mísseis Anti-Balísticos, Moscovo testou seis novos tipos de míssil balístico intercontinental e introduziu-os em serviço nas forças de dissuasão nuclear do exército e da marinha. Todos eles, em contraste com aqueles que obedecem às limitações dos tratados russo-americanos, são equipados, não com uma única ogiva, mas com várias ogivas nucleares cada um.

Moscovo está convencido que os planos para desenvolver a sua defesa aero-espacial não levarão a uma nova Guerra Fria. A discrepância entre os gastos russos e americanos, com a defesa, sobre estes assuntos, é muito grande.

Tradução
Alva
Fonte
Russia and India Report