Centenas de milhares de cubanos repudiaram, dia 16, o terrorismo e pediram paz e justiça, em uma compacta marcha em Havana, diante do prédio da Seção de Interesses dos Estados Unidos. Liderada pelo presidente Fidel Castro e pelo general-de-exército Raúl Castro, a multidão exigiu a prisão e a extradição do terrorista internacional Luis Posada Carriles e de outros criminosos que passeiam com impunidade em Miami.

"Essa não é uma marcha contra o povo dos Estados Unidos, mas sim contra o terrorismo, uma marcha a favor da vida e da paz de nosso povo e de nosso povo irmão dos Estados Unidos, em cujo valores éticos confiamos", discursou Fidel, acrescentando que os governantes estadunidenses criaram e desenvolveram o terrorismo em seu mais dramático e moderno conceito, com apoio de sofisticados e explosivos meios técnicos.

A cubana Laritza Ávarez, professora, disse que pede ao governo dos Estados Unidos a extradição do criminoso, avaliando que se Bush lutasse verdadeiramente contra o terrorismo já teria agido. "Acho que a marcha mostra o apoio dos cubanos às denúncias feitas contra o governo dos Estados Unidos, que diz combater o terrorismo, mas recebe Posada", disse David Acuña, funcionário dos estaleiros de Santiago de Cuba.

O governo cubano tem criticado duramente o presidente George W. Bush por ter feito vistas grossas à entrada nos Estados Unidos do terrorista Posada Carriles (ex-funcionário da CIA, agência de inteligência estadunidense), articulador, em 1976, de um atentado contra um avião cubano que deixou 73 pessoas mortas. É acusado também de ser autor de explosões em hotéis cubanos em 1997.

Carriles estava preso com mais três comparsas no Panamá desde 2000, sob a acusação de ter planejado um novo atentado contra Fidel, desta vez durante a 9ª Cúpula Iberoamericana celebrada na capital do país. No entanto, a então presidente Mireya Moscovo, tradicional aliada dos EUA, libertou os terroristas em seu último ato de governo em agosto de 2004.

Os cubanos contam, ainda, com um aliado na sua reivindicação. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, solicitou oficialmente a extradição de Carriles porque o terrorista ainda responde a um processo no país. O ex-agente da CIA estava na Venezuela sob acusação de sabotar uma aeronave da empresa Cubana, mas fugiu do cárcere em 1985. Dia 13, a embaixada venezuelana em Washington entregou oficialmente o pedido para o Departamento de Estado dos Estados Unidos.

Brasil de Fato