Bem, nos últimos dias o presidente Obama e toda a sua equipe de segurança nacional têm analisado a situação na Síria e hoje eu quero atualizá-los sobre os nossos esforços à medida em que consideramos a nossa resposta em relação ao uso de armas químicas.

O que vimos na Síria semana passada deveria chocar a consciência do mundo. Desafia qualquer código moral. Deixe-me ser claro: o massacre indiscriminado de civis, a morte de mulheres e crianças e transeuntes inocentes por meio do uso de armas químicas é uma obscenidade moral. É imperdoável por qualquer padrão e, apesar das desculpas e equívocos que alguns fabricaram, é inegável.

O impacto desse ataque vai além do conflito na Síria, e esse conflito já trouxe muito sofrimento. Trata-se do uso indiscriminado, em grande escala, de armas que o mundo civilizado decidiu, há muito tempo, que nunca deveriam ser usadas – uma convicção partilhada por países que concordam com muito pouca coisa além disso. Há um motivo claro pelo qual o mundo baniu inteiramente o uso de armas químicas. Há uma razão para que a comunidade internacional tenha estabelecido um padrão claro e por que muitos países tomaram medidas importantes para erradicar essas armas. Há uma razão pela qual o presidente Obama tornou uma prioridade impedir a proliferação dessas armas e bloqueá-las onde elas existirem. Há uma razão pela qual o presidente Obama tornou claro para o regime de Assad que essa norma internacional não pode ser violada sem consequências. E a despeito do que se pense acerca da Síria, há uma razão pela qual todos os povos e todas as nações que acreditam na causa de nossa humanidade comum devem se posicionar com o fim de assegurar que quem usar armas químicas venha a responder por isso, para que isso nunca mais aconteça.

Ontem à noite, depois de falar com os ministros estrangeiros de todo o mundo sobre a gravidade da situação, voltei e vi os vídeos, os vídeos que qualquer pessoa pode assistir nas mídias sociais, e eu assisti esses vídeos angustiantes mais uma vez. É realmente difícil expressar em palavras o sofrimento humano que esses vídeos expõem diante de nós. Como pai, não consigo tirar da cabeça a imagem de um homem que segurava seu filho morto, chorando enquanto caos girava em torno dele; as imagens de famílias inteiras mortas em suas camas, sem uma gota de sangue ou até mesmo um ferimento visível; corpos contorcidos em espasmos; sofrimento humano que nunca podemos ignorar ou esquecer. Qualquer pessoa que possa afirmar que um ataque dessa envergadura impressionante pudesse ser forjado ou fabricado precisa verificar sua consciência e sua própria bússola moral.

O que se apresenta diante de nós hoje é real e é convincente. Portanto, eu também quero ressaltar que enquanto os investigadores estão coletando provas adicionais no campo, nossa compreensão do que já aconteceu na Síria está fundamentada em fatos informados pela consciência e guiados pelo senso comum. O número informado de vítimas, os sintomas relatados acerca daqueles que foram mortos ou feridos, os relatos em primeira mão de organizações humanitárias no próprio local, como os Médicos Sem Fronteiras e a Comissão de Direitos Humanos da Síria – tudo isso dá uma forte indicação que tudo o que essas imagens nos mostram é real, que armas químicas foram usadas na Síria.

Além disso, sabemos que o regime sírio mantém essas armas químicas em seu arsenal. Sabemos que o regime sírio tem a capacidade de fazer isso com foguetes. Sabemos que o regime tem estado determinado a eliminar a oposição daqueles mesmos lugares onde os ataques aconteceram. E com nossos próprios olhos, nos tornarmos todos testemunhas.

Temos informações adicionais sobre esse ataque, e essas informações estão sendo compiladas e revistas em conjunto com nossos aliados, e vamos disponibilizar essas informações nos próximos dias.

Nosso senso básico de humanidade está ofendido não só por esse crime covarde, mas também pela tentativa cínica de acobertá-lo. A todo o momento, o regime sírio evitou colaborar com a investigação da ONU, usando-a apenas para atrasar e frustrar o esforço importante de trazer à luz o que aconteceu em Damasco na calada da noite. E, conforme Ban Ki-moon disse na semana passada, a investigação da ONU não vai determinar quem usou essas armas químicas, apenas se tais armas foram usadas – um veredicto que já está claro para o mundo.

Eu falei na quinta-feira com o ministro de Relações Exteriores da Síria, Muallim, e deixei bastante claro a ele que se o regime, como ele argumenta, não tinha nada a esconder, então sua resposta deveria ser imediata – transparência e acesso imediatos – e não um bombardeio. A resposta da Síria precisa ser o acesso irrestrito e imediato. Não fazê-lo, disse a ele, já teria um significado em si mesmo.

Em vez disso, por cinco dias, o regime sírio recusou-se a permitir que os investigadores da ONU tivessem acesso ao local do ataque, o que supostamente isentaria o regime. Em vez disso, ele atacou a área ainda mais, bombardeando e destruindo sistematicamente as provas. Esse não é o comportamento de um governo que não tem nada a esconder. Essa não é a ação de um regime ansioso por provar ao mundo que não usou armas químicas. Na verdade, a decisão tardia do regime de permitir o acesso ocorreu tarde demais e é tarde demais para ter qualquer credibilidade. Os relatos de hoje sobre um ataque contra os investigadores da ONU, juntamente com a continuação do bombardeio desses mesmos bairros, apenas faz enfraquecer ainda mais a credibilidade do regime.

Seguindo instruções do presidente Obama, passei muitas horas ao longo dos últimos dias ao telefone com ministros e outros líderes estrangeiros. O governo está ativamente consultando membros do Congresso e vamos continuar a ter essas conversas nos próximos dias. O presidente Obama continua também em contato direto com os líderes dos nossos principais aliados e o presidente tomará uma decisão informada sobre como responder a esse uso indiscriminado de armas químicas. Mas não se enganem: o presidente Obama acredita que aqueles que usam as armas mais hediondas do mundo contra as pessoas mais vulneráveis ​​do mundo devem responder por isso. Nada hoje é mais sério e nada está sendo examinado com mais seriedade.

Obrigado.