A Casa Branca confirmou hoje que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, participará da Cúpula das Américas entre 3 e 5 de novembro na cidade argentina de Mar del Plata, 400 quilômetros ao sul de Buenos Aires. Em seguida, viajará ao Brasil, a convite do presidente Lula, e ao Panamá, onde se reunirá com o presidente Martín Torrijos. A visita já havia sido acertada durante a visita do chanceler brasileiro Celso Amorim a Washington, no dia 26 de setembro.

"Esta visita permitirá ao presidente continuar seu diálogo com os líderes democraticamente eleitos do hemisfério, ressaltar nosso compromisso com a região e promover a consolidação da democracia e a expansão da oportunidade econômica e a prosperidade através dos mercados abertos e o livre-comércio", afirmou um comunicado da Casa Branca.

A terceira participação de um presidente americano na Cúpula das Américas, no entanto, já está causando polêmicas. O deputado de centro-esquerda Miguel Bonasso, que mantém uma relação amistosa com o presidente argentino, Néstor Kirchner, divulgou nesta quarta-feira (5) uma moção de repúdio à presença de Bush no país. Em uma declaração, o deputado pediu que o Congresso rejeitasse a visita de Bush e mostrasse "profundo mal-estar diante dos acontecimentos que envolvem os preparativos e a própria realização da Cúpula das Américas". O parlamentar afirmou que as medidas de segurança adotadas por causa da presença de Bush são "restrições improcedentes à liberdade dos cidadãos e à entrada sem autorização a águas territoriais de navios de guerra estrangeiros e de toda espécie de dispositivos bélicos".

Recentes versões publicadas pela imprensa afirmam que os Estados Unidos trarão ao país de seis a oito mísseis para derrubar qualquer avião que ingressar ao espaço aéreo restrito de Mar del Plata. A notícia causou polêmica no país porque a legislação vigente na Argentina impede o abatimento de aviões "com fins de segurança". O ministro da Defesa, José Pampuro, no entanto, justificou a possibilidade de derrubar um avião dizendo que "não se pode colocar em risco a vida dos argentinos". "Se não posso desviar o caminho do avião e este possa se converter em uma bomba, devem ser tomadas as medidas necessárias", afirmou Pampuro.

Ao admitir que o governo argentino analisa derrubar qualquer avião que constitua um perigo para a Cúpula das Américas – incluindo ameaças terroristas –, o chefe de gabinete, Alberto Fernández, declarou que "se isso acontecer, teremos de nos defender".

"Nós argentinos não queremos ter o senhor Bush em nosso território porque ele nos trás péssimas lembranças e nos evoca à ditadura genocida das juntas militares", afirmou Bonasso. Cerca de vinte deputados de centro-esquerda, liderados por Alicia Castro, pediram recentemente ao Congresso e ao governo do país que seja cancelado o convite de Bush.

Carta Maior