A periferia parisiense viveu mais um dia de rebelião juvenil na madrugada desta segunda-feira (7). Na 11ª noite de confrontos, 1.408 veículos foram incendiados e 395 pessoas ficaram feridas. O balanço foi divulgado pela direção-geral da polícia francesa.

Os distúrbios parecem estar ligados com a situação dos setores mais pobres da França, formado especialmente por imigrantes e minorias religiosas. O presidente da francês, Jacques Chirac, convocou o Conselho de Segurança Interna para discutir soluções para a onda de violência urbana. Chirac, depois de uma primeira reunião realizada na noite de domingo (6), disse para a imprensa que "a prioridade é restabelecer a segurança e a ordem pública". O mandatário insistiu na necessidade do "respeito de cada um, da justiça e da igualdade de oportunidades", em uma tentativa de apaziguar os ânimos nas áreas de conflito.

Participaram da reunião do Conselho de Segurança o primeiro-ministro, Dominique de Villepin, e os ministros do Interior, Nicolas Sarkozy, da Defesa, Michele Alliot-Marie, da Justiça, Pascal Clement, de Assuntos Sociais, Jean-Louis Borloo, de Finanças, Thierry Breton, de Orçamento, Jean-Francois Cope, e de Educação Nacional, Gilles de Robien. O premiê De Villepin anunciou "reforços das forças de segurança, onde for necessário em território nacional, pois não se pode aceitar que haja zonas que sejam terra de ninguém". "O governo acelerará os procedimentos e fará de tudo para que os detidos se apresentem diretamente aos juizes", acrescentou.

O envolvimento de Chirac na crise havia sido exigido pelo primeiro-secretário do Partido Socialista da França, Francois Hollande, que criticou duramente o ministro do Interior, Nicolás Sarkozy. O dirigente advertiu que as declarações de Sarkozy que acusam os moradores de bairros carentes de serem "gentinhas" são intoleráveis. Pesquisas de opinião feitas pela empresa CSA e divulgadas domingo pelos jornais Le Parisien e France 5 revelam que 50% dos franceses questionam a eficiência do ministro do Interior no enfrentamento da crise.

Durante os distúrbios, 34 policiais já ficaram feridos na periferia parisiense. Entre os agentes feridos, os dois mais graves foram atingidos por espingarda de chumbo em Grigny (periferia sul), um em uma perna e outro no pescoço. O ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, visitou os dois no hospital de Evry. Os outros feridos foram atingidos em sua maioria por pedras e outros objetos, alguns também por coquetéis molotov.

No interior da França foram atacados duas igrejas, várias escolas e dois postos de polícia. Alguns destes edifícios foram totalmente destruídos pelo incêndio. Na região parisiense foram assaltados um centro social, uma tesouraria, um depósito farmacêutico e uma loja de motos.

Carta Maior