O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, sugeriu que pode romper relações com o governo norte-americano caso o cubano Posada Carriles, fugitivo da Justiça venezuelana, não seja extraditado pelos Estados Unidos, para onde fugiu. “É difícil, muito difícil manter relações com um governo que esconde e protege o terrorismo internacional sem vergonha nenhuma", disse ele, em seu programa Alô Presidente, domingo (22), na tevê.

Preso neste mês pela polícia norte-americana em Miami, o cubano foi indiciado por imigração ilegal, mas o governo de George W. Bush não deixou claro se o extraditará para a Venezuela, país com quem mantém um acordo desse tipo. Carriles, de 77 anos, é um antigo colaborador da CIA, a polícia secreta dos EUA, e é acusado de ter cometido um atentado que matou 73 pessoas em um vôo da empresa aérea Cubana de Aviação, em outubro de 1976.

Em outra parte do programa o presidente venezuelano se perguntou "se vale a penar ter uma embaixada nos Estados Unidos, desperdiçando dinheiro, ou os Estados Unidos terem uma embaixada aqui". Chávez também acusou o pai do atual presidente norte-americano. "George Bush pai era diretor da CIA" quando aconteceu a explosão, "essa é a verdade", disse Chávez. "Então, agora tem medo de que esse senhor Luis Posada fale".

No último dia 17, pelo menos um milhão de cubanos participaram de uma marcha contra o terrorismo, em Havana. O presidente Fidel Castro esteve presente e acusou, em breve discurso, o governo Bush de "financiar e organizar" atos de terrorismo contra Cuba. "Exigimos a punição para os assassinos que estão nos Estados Unidos, queremos justiça", afirmou Fidel Castro. O presidente também acrescentou que se o governo de Washington "não deixar de apoiar Posada Carriles, Cuba vai mobilizar a opinião pública mundial".

Posada confessou em 1978, e posteriormente desmentiu, ser o autor do atentado de 1976 contra um avião da companhia Cubana. Ele foi condenado na Venezuela pelo atentado, mas conseguiu escapar da prisão em 1985, após 8 anos de cárcere, graças à ajuda de Jorge Canosa, então presidente da Fundação Cubano-americana, uma organização anticastrista com sede em Miami, criada durante a administração do presidente norte-americano Ronald Reagan.
Em 2000, Carriles preso e condenado no Panamá pela tentativa de homicídio de Fidel Castro na reunião de cúpula Ibero-Americana.

Mas quatro anos depois, em 2004, ele foi indultado pela presidente do Panamá, Mireya Moscoso, poucos dias antes de ela deixar o cargo. Logo após a libertação de Posada Carriles, Cuba rompeu relações diplomáticas com o Panamá.

O cubano foi também acusado de ter idealizado o plano "Coca Contra", isto é, o contrabando de cocaína colombiana nos Estados Unidos para financiar a contra-revolução na Nicarágua contra os sandinistas. Os "Contras", financiados por Washington durante a administração Reagan e treinados pelos agentes da CIA na Argentina, ficaram famosos pelos atos de terrorismo contra a população civil.

Agência Carta Maior