Aconteceu o que os serviços de segurança britânicos já haviam advertido que iria acontecer. Na manhã desta quinta-feira (7), Londres sofreu o pior ataque de sua história, desde a Segunda Guerra Mundial. No início da manhã, múltiplas explosões atingiram as estações de Edgware Road, King’s Road, Liverpool Street, Russell Square, Aldgate e Moorgate.

O teto de um dos famosos ônibus londrinos de dois andares voou pelos ares, deixando mortos e dezenas de feridos. Alguns momentos após as explosões, o comissário chefe da Scotland Yard, Ian Bliar, admitiu que se tratava de um “ataque coordenado”. O primeiro-ministro Tony Blair foi obrigado a abandonar a cúpula do G-8, na Escócia, e voltar para Londres a bordo de um helicóptero.

Os ataques ocorreram um dia após a indicação de Londres para sediar os Jogos Olímpicos de 2012. O sistema de transportes londrino foi praticamente paralisado após as explosões. Todas as estações de metrô foram evacuadas como medida de precaução.

Um grupo auto-intitulado Organização Secreta Al Qaeda na Europa divulgou um comunicado em uma página na internet assumindo a responsabilidade pelo ataque. O comunicado, divulgado pela revista alemã “Der Spiegel”, afirma que as explosões foram uma resposta ao envolvimento do Reino Unido nas invasões do Afeganistão e do Iraque. Além disso, adverte outros países, como Itália e Dinamarca, de que eles podem ser os futuros alvos caso não retirem suas tropas do Iraque.

Em suas primeiras declarações, Tony Blair disse que era “especialmente bárbaro que isso tenha acontecido em um dia em que as pessoas estão se reunindo para tentar resolver os problemas da fome na África, os problemas de longo prazo de mudanças climáticas e no ambiente”.

“Qualquer coisa que eles façam, estamos determinados a não permitir que eles nunca sejam bem sucedidos em destruir o que mais prezamos neste país”, acrescentou o primeiro-ministro. Blair disse ainda que os responsáveis pelos atentados “agiram em nome do Islã”, acrescentando saber que “a maioria dos muçulmanos em todo o mundo considera esse tipo de ato terrorista deplorável”.

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, também repudiou os ataques, repetindo seu mantra favorito: “a guerra contra o terrorismo continua”. Bush também aproveitou a ocasião para estabelecer um contraste entre os objetivos da cúpula do G-8 e os dos terroristas. “O contraste não pode ser mais claro: de um lado homens que respeitam os direitos humanos e a liberdade, frente a homens que guardam o mal em seu coração”.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que estava na Escócia participando como convidado da cúpula do G-8 lamentou o ocorrido. “Em nome do governo brasileiro e no meu próprio, apresentei as mais sinceras condolências ao primeiro-ministro Tony Blair e ao governo do Reino Unido e manifesto minha sentida solidariedade com o sofrimento das famílias das vítimas”, disse Lula. Seu encontro com Blair, marcado para a tarde desta quinta-feira, foi adiado.

Comunidade islâmica

Em um texto distribuído pela internet, representantes da comunidade islâmica manifestaram total solidariedade às vítimas dos ataques, reafirmando total repúdio a todo e qualquer ato bárbaro. Mas não pouparam críticas ao governo Blair. “Para as vítimas e seus familiares esses ataques representam uma atrocidade criminosa. Para Blair e seus cúmplices, eles são uma conseqüência direta de seus próprios ataques sanguinários em sua cruzada de guerra contra o Islã e os muçulmanos”, diz o comunicado.