"A Síria vai desmoronar, em conformidade com sua estrutura étnica e
religiosa, em vários Estados, como no Líbano em dias atuais, para que haja
um estado Shi’ite Alawi ao longo de sua costa, um estado sunita na área de
Aleppo, outro Estado sunita em Damasco hostil ao seu vizinho do Norte, e o
Druzese que irá definir um estado, talvez até mesmo no nosso Golã, e
certamente na Hauran e no norte do Jordão. (...) Este estado de coisas será
a garantia para a paz e a segurança na região, a longo prazo, e esse
objetivo já está ao nosso alcance hoje.
"
Oded Yinon, "Uma estratégia para Israel nos anos de um mil e novecentos e
oitenta", Kivunum, fevereiro de 1982.

Moshe Yaalon, chefe da inteligência militar (1992-1998), chefe da FDI (2002-05) [Força de Defesa de Israel; de IDF - Israeli Defence Force - NT], Likud (2009-13) [do hebreu, Consolidação; maoir partido politico de Israel - NT], Ministro da Defesa do gabinete de Netanyahu (desde 2013).

Durante a viagem de cinco dias que ele fez aos Estados Unidos, o Ministro da
Defesa israelense Moshe Ya’alon disse a Steve Inskeep, um dos anfitriões da
Edição da Manhã, na Rádio Pública Nacional, que "as fronteiras do Oriente
Médio ’absolutamente’ vão mudar" [1].

Ya’alon segue à risca o processo de balcanização do "Yinon Plan", em
homenagem a um antigo funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros
israelita [2]: "as
fronteiras já mudaram" desde que o presidente sírio, Bashar al-Assad, não
está em posição de unificar seu país, e desde que ele "apenas controla 25%
da Síria", o que cria um problema que Israel "terá que pagar." Que tristeza!

De acordo com as vistas antiquadas do Sr. Ya’alon, há países com uma
história real e outros cujas fronteiras artificialmente foram desenhadas em
1916 por França e Grã-Bretanha sob o Acordo Sykes-Picot que dividiu as
ruínas do Império Otomano.

Moshe Ya’alon afirma verdades óbvias como "o Egito permanecerá Egito" ou "a
Líbia foi uma criação recente, uma criação ocidental decorrente da primeira
guerra mundial. E o mesmo ocorreu com relação à Síria e ao Iraque, dois
Estados-nação artificiais (sic!); o que assistimos é o colapso do conceito
ocidental."

E quanto ao "novo Israel"; não é ele uma criação dos banqueiros escravos de
Rothschild e do escritório de advocacia dirigido por Lloyd George, que mais
tarde se tornou primeiro ministro da Grã-Bretanha?

Após a sua criação na Rússia e sua subsequente perseguição em 1883 e em
1903, o ’sionismo vagante’ brincou com a idéia da criação de assentamentos
"artificialmente" exógenos em países dentro da esfera de influência
anglo-saxônica como Canadá, Austrália, África Oriental, parte do sudoeste do
Texas (sic!), Angola e Uganda [3].

Mas será que o sionismo financeiro - um sionismo ainda mais mortal do que
sua versão irredentista [do italiano, irredento; referente ao princípio
político que defende a incorporação de teritório, independente ou anexado a
outro Estado, que é culturalmente ou historicamente relacionado ao Estado
requerente - NT] - não teria já alinhado todos os países acima mencionados à
esfera de influência anglo-saxônica, no decurso do século XXI, através da
desregulamentação bancária global?

Em outra entrevista com Charlie Rose, Ya’alon atacou o presidente Turco
Erdogan, acusando-o de ser um "bem conhecido torcedor" da Irmandade
Muçulmana [4].

O jornal israelense Haaretz informou que Ya’alon "não especificou se as
fronteiras de Israel, que também foram traçadas (sic) pelas potências
ocidentais após a Primeira Guerra Mundial, irão mudar " [5].

Ya’alon empilhou mais insultos racistas sobre os palestinos, chegando ao
ponto de levantar a possibilidade ultrajante de uma "transferênciaétnica". O
objetivo da viagem de Ya’alon aos EUA foi aplacar a equipe de Obama após as
observações questionáveis, dirigidas por Naftali Bennett, líder do partido
religioso fundamentalista de direita A Casa Judia [The Jewish Home], contra
o Secretário de Estado dos EUA, John Kerry, que ligou a ascensão do Estado
Islâmico à não resolução do conflito israelense-palestiniano. Em uma ocasião
anterior, o Sr. Kerry acusou Israel de ser quase "Estado pária." Quase!?

Haaretz informou ainda que Ya’alon foi "humilhado (sic) publicamente" pelos
Estados Unidos que o impediram de encontrar-sae com certos altos
funcionários do gabinete de Obama: Vice-Presidente Joe Biden, John Kerry e a
Conselheira de Segurança Nacional, Susan Rice.

Da mesma forma, como de costume, a revista The Economist - pertencente ao
Financial Times, que faz parte do Grupo Pearson, um grupo que controla o
Banco BlackRock, o maior banco de investimento do mundo, gerido por Larry
Fink, que possui dupla nacionalidade: americana-israelense [6] - afirmou que a maioria
dos 3 milhões de refugiados sírios está contemplando a "perda de seu país"
 [7].

O governo de Bashar al-Assad controla 25% da Síria e o resto está nas mãos
de jihadistas associados com o califado islâmico (cuja capital, Rakka, hoje
está sob o comando de um grupo internacional de mercenários controlados por
estrangeiros). No entanto, uma relativamente pequena porção do território,
localizado no nordeste do país, na fronteira com a Turquia, ainda é
controlada pelos curdos sírios, cujo símbolo tornou-se a cidade mártir de
Kobani, onde o estado islâmico declaradamente usou armas químicas [8], uma possibilidade
"estranhamente" obscurecida pela máquina de propaganda dos Estados Unidos e
de Israel (o misnamed Hasbara) [9].

Existem outros enclaves, como Aleppo, nos arredores de Damasco, e as colinas
de Golã (onde Israel joga o cartão de Al-Nusra), que estão nas mãos de
coligações estranhas batizadas pelo "Ocidente": Exército Livre Sírio (sic),
Al-Nusra, al-Qaeda ou o Estado Islâmico (IS) [do inglês Islamic State - NT].

O plano de balcanização desenvolvido pelos israelitas Yinon e Ya’alon está
progredindo em grande velocidade, graças a esta entidade irreal chamada
Califado do Estado Islâmico, cujos tentáculos se estendem até o Magrebe
(parte ocidental do mundo árabe e norte da África) em termos de balcanização
 [10] e é modelado conforme
a Líbia.

Estariam os jihadistas do IS por acaso servindo como ferramenta para
esculpir ordenadamente o mundo árabe, de acordo com os planos elaborados por
Yinon e Ya’alon, planos, cujo escopo abrange o Iêmen? [11]

Como certos relatórios simplistas querem-nos fazer acreditar, o que não é
típico dos subterfúgios israelenses-anglo-saxônicos, parece que os aviões
dos EUA, que entregaram armas aos curdos sírios sitiados em Kobani,
"cometeram um erro", uma vez que as armas acabaram nas mãos dos jihadistas
IS [12] Really. Realmente!

Ninguém - nem mesmo a dupla Yinon/Ya’alon, os jihadistas do Estado Islâmico
ou os estrategistas dos EUA (a fórmula
"Brzezinski/Rice/Peters/Clark/Wright") [13] - está mais consciente da
perfídia de tais planos de balcanização do que o tenaz presidente turco,
Recep Tayyip Erdoğan, que tem sua própria agenda em relação aos curdos, um
grupo apoiado por Israel e OTAN, que representa 15-25% da população da
Turquia, um país hoje à beira da implosão. Erdoğan os apelida de o novo
"Lawrence da Arábia", em referência o ex-espião britânico, acusando-os de
serem os insuperáveis campeões da balcanização [14].

Israel está-se preparando para sua enésima guerra contra o Hezbollah no
Líbano, também a implodir, enquanto em um nível estratégico mais alto, a
estratégia de balcanização da máquina de propaganda de Telavive é
implementada por MEMRI. Com os extraordinários progressos feitos pelos
jihadistas do IS, o centro baseado em Washington - fundado por Yigal Carmon,
um espião militar israelense, e Meyrav Wurmser, pesquisador sênior do
Instituto Hudson com ligações ao partido fundamentalista sionista Likud -
pode-se movermais à frente na questão sobre a "nova ordem (sic) no Oriente
Médio" com foco em quatro áreas para o benefício exclusivo do "Grande
Israel". Estas quatro áreas são:
 1. a disputa nuclear com o Irã (que não tem o direito de possuir armas
nucleares, ao contrário do povo "escolhido" de Israel);
 2. o conflito árabe-israelense (congelado);
 3. o processo turco-curdo (sic) (a implosão da Turquia e a expansão do
"Grande Curdistão"); e
 4. o conflito entre xiitas e sunitas (repetir a "Guerra dos 30 anos" a nível
teológico?).

Por razões estéticas, vou deixar de lado a gravíssima acusação feita pelo
Presidente Putin de que "os Estados Unidos está promovendo terrorismo
financiando os jihadistas do Estado Islâmico" [15].

Não seriam a balcanização do "Grande Oriente Médio " e a "Nova Ordem" que
vai estabelecer conseqüência dos planos de Yinon/Ya’alon conforme
consolidados pela fórmula "Brzezinski/Rice/Peters/Clark/Wright" além do
avanço irresistível de seus jihadistas fantoches?

Tradução
Marisa Choguill
Fonte
La Jornada (México)

[2A Strategy for Israel in the Nineteen Eighties (The "Yinon Plan")”, by Oded Yinon, Translation Israel Shahak, Kivunim (Israel) , Voltaire Network, 1 February 1982.

[3Zionist Congress:The Uganda Proposal”, 26 August 1903, Jewish Virtual Library.

[4Muslim Brotherhood: Israel denounces and Britain investigates”, Voltaire Network, 24 October 2014.

[6"BlackRock: el mayor inversionista del mundo detrás de la privatización de Pemex", Alfredo Jalife-Rahme, La Jornada, December 11, 2013.

[7Syrian refugees: The loss of a nation”, The Economist, October 23, 2014.

[8Kurds fear Isis use of chemical weapon in Kobani”, Emma Graham-Harrison, The Guardian, 24 October 2014.

[9O Hasbara é um método
de comunicação factual que procura estabelecer a verdade, centrando-se sobre
as questões contenciosas.

[10Is an ‘Islamic State in the Maghreb’ following in the footsteps of ISIS?”, Adam al-Sabiri, Al-Akhbar, 23 October 2014.

[12Kobane keeps up the resistance”, Voltaire Network, 29 October 2014.

[13""Fórmula Brzezinski/Rice/Peters/Clark/Wright" para balcanizar Medio Oriente", Alfredo Jalife-Rahme, La Jornada, 17 August 2014. “A Coligação dividida sobre os seus objectivos”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 10 de Novembro de 2014.

[14"Turkish President Declares Lawrence of Arabia a Bigger Enemy than ISIS", Jamie Dettmer, The Daily Beast, 13 Otober 2014.

[15US promotes terrorism by funding Takfiris: Putin”, PressTV, October 25, 2014.