O preço da cesta de petróleo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) alcançou 43,54 dólares o barril, novo máximo histórico. O risco da interrupção das exportações da Nigéria, quinto maior exportador mundial de petróleo, a lenta recuperação dos volumes de extração na região do Golfo do México afetadas pelo furação Ivan, o conflito no Iraque e a crise na gigante petroleira russa Yukos são os responsáveis pelo pânico que ronda os mercados, na avaliação de especialistas.

"Estas tensões tem causado uma considerável especulação. Se instalou o denominado "fator medo" que afeta os preços a um número acima do nível justificado pela relação entre a oferta e a demanda", disse Purnomo Yausgiantoro, secretário da Opep e ministro indonésio de Energia.

O recorde da cesta da Opep vem na esteira da alta histórica dos preços do barril na cotação de Nova York, que ultrapassou os 50 dólares nesta semana.

A tensão é justificada pelos riscos apresentados nos últimos dias. Na Nigéria rebeldes anunciaram uma "luta armada em grande escala" e ameaçam controlar as refinarias petroleiras a partir de 1 de outubro.

Há uma semana a produção no Golfo do México tem perdido cerca de 8,5 milhões de barris após as instalibilidades provocadas pelo furação Iván. Na região, incluindo a exploração estadunidense, a produção baixou 39%, de acordo com o Serviço de Administração de Recursos Minerais dos EUA.

A resistência iraquiana à invasão de seu território pelos EUA, outra causa que há mais de um ano fez com que os preços se elevassem, na avaliação do candidato democrata à vice-presidente, Jonh Edwards é responsabilidade do governo Bush. Na Rússia, acusações do governo Putin à gigante petroleira Yukos por sonegação de impostos também têm contribuido para a desestabilização dos preços.

Do ranking dos maiores exportadores, apenas a produção da Venezuela é a que, por enquanto, não gera incertezas. Apesar da instabilidade política que se configurou no país até a realização do referendo em 15 de agosto, a ratificação do mandato do presidente Hugo Chávez que comanda o país quarto maior exportador mundial de petróleo, sinaliza estabilidade. A produção venezuelana, hoje de 2,6 milhões de barris diários, só deixou de ser extraída durante a greve petroleira promovida pelos setores da oposição.

Ainda que o problema não seja de oferta, como analisa a Opep, a Arábia Saudita anunciou sua intenção de elevar sua produção na próxima semana para 11 milhões de barris diários frente aos 9,5 milhões produzidos hoje. Os números da Agência Internacional de Energía (AIE) revfelam que a produção global de petróleo supera em 2,6% as necesidades do mercado.