No ano passado, o General Flynn foi convidado para o aniversário da cadeia de televisão internacional, «Russia Today». A sua participação foi violentamente criticada pela Casa Branca, para quem esta cadeia é um «órgão de propaganda de Vladimir Putin» (sic).

Com a maior má-fé, a imprensa clintoniana descreve Michael T. Flynn, o próximo conselheiro de Segurança dos Estados Unidos, como islamófobo e partidário da tortura. O que é que ele é realmente?

É um católico de origem irlandesa, apegado à estabilidade da sua família. Muito atlético, ele pratica tanto desportos(esportes-br) de equipe como desportos individuais, mas prefere os desportos de acção (polo aquático, surfe) aos desportos de força.

Considerado como um dos mais brilhantes oficiais da Inteligência da sua geração —comandou a Agência da Inteligência Militar (DIA) de Julho de 2012 a Agosto de 2014—, ele pôs em causa os métodos de trabalho do seu serviço. Segundo ele, o recurso sistemático a dispositivos sofisticados de espionagem não supera a qualidade garantida pelo factor humano. E, a tendência para apresentar relatórios sob a forma de exposição muito bem ilustrada não permite levar em conta situações complexas. Vale mais uma análise escrita que belos “powerpoints” (plantilhas-br) e fotos. Finalmente, a qualidade da Informação depende da sua comparação com a de outros analistas. Contrariamente ao hábito dos norte-americanos, é, pois, muito importante cooperar e trocar informações com outros serviços do País e das Nações aliadas. Posições tidas como muito clássicas, mas em total contradição com os hábitos e costumes do seu país.

Em relação ao Jiadismo, sobre o qual ele se tem concentrado desde há uma quinzena de anos, ele chegou à conclusão que o islamismo nada tem a ver com uma religião, muito embora use o vocabulário próprio e cite o Alcorão. É exclusivamente uma ideologia política. Ainda mais incómodo, mas igualmente verdadeiro, ele afirma que o apoio que os jiadistas encontram numa parte da população muçulmana encontra suas raízes no próprio Islão. Embora não tenha expresso posição pública sobre a religião muçulmana (durante a campanha-ndT), ele fez entrar na equipa de Donald Trump o professor, de origem libanesa, Gabriel Sawma. Este é o autor de um livro sobre as origens siríacas do Alcorão, o que o leva a uma interpretação muito tolerante do Islão.

O choque entre Michael Flynn, por um lado, e Hillary Clinton e Barack Obama pelo outro surgiu em Agosto de 2012, aquando da difusão de uma nota secreta sobre os jiadistas no Levante. Na parte do documento que foi desclassificada, ele chamava a atenção que eles estavam em guerra contra a República Árabe Síria e eram apoiados pelas populações tribais vivendo a cavalo entre a Síria e o Iraque. Esta situação podia levá-los a criar um emirado no Nordeste da Síria, que corresponderia aos interesses estratégicos dos seus patrocinadores, Arábia Saudita, Catar e Turquia. Ele explicou que tinha escrito este documento —logo após o relançamento da guerra contra a Síria pela França— para tentar opor-se ao apoio da administração Obama à criação do Daesh (E.I.)

A propósito da tortura, ele tem repetidamente explicado que as suas próprias declarações não devem ser entendidas como um incentivo à sua generalização. Se ele combate os jiadistas é porque eles torturam e matam, importa que eles saibam que ele não se dessolidariza dos seus companheiros de armas que torturam, e que ele não hesitará em torturar e matar, também ele próprio, se necessário. Mas que esta não é sua intenção e, de facto, no Afeganistão, ele interveio contra esta prática.

Tradução
Alva
Fonte
Al-Watan (Síria)